INEXORABILIDADE

Faltavam três pedras para chegar ao fim - inúmeras foram as transpostas, mas nenhuma seria tão importante quanto a tríade que ora se lhe apresentava. Um desafio. Um desafio irrecusável.

Parado no tempo que restava, ele meditava e procurava a melhor forma para reiniciar a caminhada.

Via à sua frente, íngreme descida. Não havia mais o que ascender.

Chegara ao píncaro e se surpreendia com o vazio encontrado olhando para infinito que acima o assombrara durante a vida toda.

Era melancólico o objetivo atingido.

Reconhecer-se vencido era a próxima pedra a ser ultrapassada. Do topo indagava a si mesmo: valeu apena?

Sem resposta, avança. E ao dar o primeiro passo se assusta. Desistir não é uma opção e não tem controle sobre a dinâmica engendrada. Já não pode parar e refazer sua decisão.

Segue descendo.

Apreensivo e percebendo que nenhuma resposta conseguirá aliviar a dúvida, aproxima-se da antepenúltima pedra indecifrável. Na dúvida, não para. Contorna-a. Quem sabe o que aconteceria se a tocasse?

Sente-se aterrorizado, pois sabe que ao destino traçado ultrapassara um limite indecifrável.

À frente, o penúltimo obstáculo - que imenso sombreia a estrada oferecendo um momento de reflexão - anestesia o caminhante e o torna revigorado.

Avante!

... e na última pedra tropeça.