ODE A UM PRÍNCIPE NEGRO

ODE A UM PRÍCIPE NEGRO

A JORGE HENRIQUE DIMAS

BETO MACHADO

A semana que hoje se fecha não me trouxe boas novas. Muito pelo contrário. No âmbito Nacional o anúncio de vários aumentos de tarifas, reajustes de preços, a decolagem da taxa de desempregos, a inflação indo, resoluta, na direção do segundo dígito e a bagunça no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto me deixaram apreensivo. Mas o fato que me deixou chocado e entristecido foi a notícia da perda de um grande amigo: JORGE HENRIQUE DIMAS.

No desabrochar dos anos setenta, mesmo sendo de chumbo as cores com que os ditadores tentavam pintar a política brasileira, o bravo coração do povo ainda pulsava. E pulsava fortemente, principalmente, às margens dos campos de futebol de várzeas, os saudosos campos de peladas. Creio que dos bairros do Rio de Janeiro Campo Grande foi onde mais se jogou futebol de pelada, naqueles idos tempos.

A minha admiração por JORGINHO DIMAS iniciou-se quando da sua transferência do time do MENDANHA F. C. para o SÃO PAULO F. C., no sub bairro do mesmo nome que abraçou minha infância, minha adolescência e minha juventude. A habilidade e a elegância com que se relacionava com a bola formavam o ponto diferenciador que o distinguia dos demais jogadores. Andava e corria com a imponência de um PRINCIPE NEGRO. O que nos acostumou de chamar de “destreza”, para rotularmos o bom desempenho dos habilidosos em qualquer atividade, não me autoriza usar esse vocábulo em relação ao homenageado, visto que ele não era destro... Mas sua perna canhota colocava a bola onde quisesse. Seu belo futebol e sua boa índole o fizeram colecionador de amigos por onde passou.

Mas foi a música que nos aproximou. O samba enredo CHICO REI foi o causador da nossa primeira conversa. Salgueirense “roxo”, me questionou, logo que terminei de cantar esse lindo samba, numa roda de amigos, após uma partida de futebol, onde o SÃO PAULO houvera se sagrado campeão, com um gol dele, de um torneio comemorativo ao DIA DO TRABALHO, se eu torcia pro Salgueiro... Minha negativa, posto que sou Mangueira, rendeu um bate papo noite a dentro, selando ali o prólogo de uma indissolúvel amizade. Amizade que transcendeu os contatos presenciais, os mementos de lazer ou de trabalho, tempo e local onde se consolidaram o respeito e a mútua admiração; tempo e espaço que me serviram para aprender com ele o verdadeiro significado da expressão VESTIR A CAMISA da empresa onde se trabalha.

Atravessamos várias fases da evolução do sistema de saneamento básico do estado do Rio de Janeiro. E o nome de JORGINHO DIMAS está registrado nos anais da história da CEDAE, que hoje se diz NOVA CEDAE, mas que já foi CEDAG... Com certeza, estamos enlutados os companheiros do setor FORMIGA, tanto os da ativa quanto os aposentados.

JORGE HENRIQUE DIMAS, que o teu espírito tenha paz no teu definitivo descanso... Sei que continuarás torcendo para que o teu Vasco se desvencilhe dos abutres travestidos de dirigentes esportivos, e que o teu Salgueiro se livre das garfadas dos julgadores “pau mandados” que insistem em manchar o Carnaval Carioca. Que DEUS mantenha teu espírito sempre em evolução.

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 08/11/2015
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