A busca
Um homem é feliz quando quer o mesmo que precisa.
"Caminhavam dois homens pela madrugada fria vindos de uma espécie de cruzada. Carregavam suprimentos, lenha e água. Assentaram-se em uma rocha áspera, muito comum naquela região germânica ainda não dominada pelos visigodos. Alí Herman respirou fundo, cansado da longa caminhada e ansioso para chegar em casa:
- Eu te digo uma coisa Amalric, nem Alarico teria coragem de subir aquela montanha.
- Eu não gosto de dizer o que aquele homem teria ou não coragem de fazer. Bebera um pouco de água de seu cantil.
- Da última vez ele virou rei. Respondera Amalric preparando uma fogueira. Enquanto isso Herman como fazia dês de criança se punha a olhar as estrelas e a sentir o transe provocado pelo mistério advindo do que poderia haver além do que se lhe mostrava. Naquele tempo não havia conhecimento aprofundado astronômico, Galileu viria a dar as caras bem depois, era 393 d.c., Alarico ascendia e populações fugiam dos bárbaros.
Herman quebra o silêncio com o velho costume de reflexão:
- Amalric, alguma vez já se perguntou o que torna um homem feliz tempo o suficiente? Amalric o olha com sorriso irônico:
- Herman eu desisti de me iludir quando Kashya me abandonou ao relento no Cáucaso fugindo com dois camelos e num deles o “habib”*, filho do conde. O amigo o olhara desgostoso em razão de Amalric não ter compartilhado da mesma sintonia reflexiva na qual Herman se encontrava.
- Mas quer saber de uma coisa, um homem é feliz quando tem o quer, correto? Falso. Um homem só é feliz quando tem o que precisa, certo? Falso. Um homem é feliz quando o que tem é o que quer e o que precisa ao mesmo tempo. Herman sorrira, o amigo enfim tinha entrado em sintonia com o seu pensamento, Amalric continuara:
- Mas não sorria. Há homens que demoram gerações para perceber isso. Se fossem eternos, levariam séculos. E há uns que se apegam a momentos, acreditando que a felicidade é estática. Na verdade são míopes demais para perceberem que no momento em que pensaram em felicidade, já estão felizes. Herman o olhara indistintamente:
- E por que me sinto tão infeliz? Por que você ainda se sente infeliz? Você ainda não superou Kashya e a inveja por aquele “habib” que até então lograva-se como grande amigo seu! Amalric segurara com força o machado que deveria usar para cortar a lenha e com um sorriso seguro aliviara a tensão no cabo do machado:
- Isto porque a felicidade é a sua constante busca, e nessa busca você encontrará o que quer e o que precisa, e continuará buscando e assim ininterruptamente. E nesta busca nem sempre haverão sorrisos, e isto é inerente ao conceito, mas a você mesmo que a cada dia entende e chega mais próximo da felicidade, que na verdade está longe e inalcançável, e esta busca te fortalece, e quanto mais forte, mais feliz, mais resistente. Por isso a busca é a verdadeira felicidade, é o efeito causado pelo rastro que deixa enquanto esquiva-se a nós. Herman olhava-o cortar a madeira enquanto falava:
- Então em outras palavras felicidade precisa de objetivos.
- Exato! Disse Amalric pedindo para que o amigo pegasse a toco de madeira."
Espero que tenha conseguido expressar corretamente meu pensamento.
Ah, e quem leu pode deixar alguma crítica, qualquer que seja, eu acredito que só assim eu vou escrever melhor. Eu não me importo com críticas pesadas, só não vou aceitar "para de escrever" :)