Dias de Guerra.

Talvez o dia de guerra tenha sido no ano em que ganhamos o campeonato escolar de futebol infantil. O ano, salvo engano, 1990. Um dos nossos melhores fora quebrado, fratura exposta, joelho virado e sangue e nervos aflorados. Perdíamos o André! E agora? Nosso reserva era o Luiz, mas comparar o futebol dos dois era difícil. O Luiz era e foi determinado! Com o André talvez ganhássemos dando baile na garotada ou talvez, quem sabe, teríamos perdido num jogo de vaidades, já que eu também era considerado um jogador perigoso. Goleiro: Weliton Pereira; defesa, meio e ataque, (nos revisávamos), eu, Ademir, Luiz e Laurindo! Era um fluxo 'carrossel holandês 1974, E ganhamos! Ganhamos todos os jogos de goleada. Foi quase uma violência futebolística contra os adversários. Quebraram o nosso no primeiro jogo (não citarei o nome do indivíduo causador da violência). Fui o artilheiro com dezenove gols. Dezenove gols em quatro jogos. A torcida foi de arrepiar. Legal aquela tarde. Um jogo seguido do outro, sol, chuva, cansaço, tênis rasgado, joelho esfolado, tapas, pontapés até na garganta e gols, muitos gols que me fazem sonhar até hoje com alguns....

A goiabeira, goiaba vermelha, das grandes mas com muitos bichos, ficavam no pé do outro lado do muro cercado por arame farpado enferrujado. Fui lá, onze anos, fim de tarde, tentar comer algumas goiabas. Muro tijolo de barro, arame farpados e jovem adolescente: o que ocorre? Na segunda pisada o tijolo deslizou e fui com o dedão médio da mão esquerda fincado no arame farpado, como se espeta uma linguiça! Os gritos vieram, os meus, óbvio, chamando por mamãe! Oito gritos bem dados e ela apareceu nem sei de onde, já que nem estava em casa. Tirou meu dedo do arame, passou alguma coisa, me lançou na cama, a sua cama e me fez se acalmar. Jamais me esquecerei daquele acontecimento... A vida é um porção de dor e alegria em pequenas poesias.