Verdade Chinesa

O homem estava num barzinho em Olinda,seu ponto habitual no final da tarde. Pediu uma caipirinha e ficou olhando para o mar infinito. Pensou com seus botões: "Do outro lado fica a África?". Não sabia, era muito ruim em geografia. Adorava ficar olhando o marzão, e nesse barzinho dava pra ver a água batendo nas pedras. Ele pensou divertido: "Na briga do mar com o rochedo só quem perde é o marisco". Ligaram o som, tocou "!Verdade Chinesa" na voz aveludada de Emílio Santiago, o garçon, seu amigo, sabia que ele gostava muito dessa música. Nisso parou na frente do bar um táxi e dele saiu uma mulher de uns 50 anos, bonita, elegante, demonstrando ser muito simpática e simples. Ela carregava apenas uma bolsa no ombro. Foi logo até às pedras, sem dúvida dar uma respirada e sentir os pingos de água do mar no rosto. Ela ria, um riso franco e bonito, ressltando covinhas nas bochechas. Era bem feita de corpo e os cabelos encaracolados estavam embranquiçados, não pintava os caberlos. O homem pensou brincando com os seus botões: "É a nossa Catherine Deneuve cabocla".

Ela entou no bar, sentou-se próximo àmesa dele. Chamou o gaçon e pediu uma cerveja. Emílio Santiago ainda cantava. A mulher perguntou ao garçon se era possível colocar outra vez a música. Foi atendida, Emílio recomeçou: "Era só isso que queria na vida/ Uma cerveja,uma ilusão atrevida/ Que me dissesse uma verdade chinesa/ Com uma intenção de um beijo doce na boca". O garçon disse qualquercoisa à mulher e ela voltou os olhos para o homem que tomava a caipirinha, ela sorriu, ele também. Ela acenou chamando-o. Ele foi até ela.

Quando chegou amulher riu e cantarrolou: "Senta se acomoda./ À vontade, tá em casa/ Toma um copo, dá um tempo/ QWue a tristeza vai passar...". E disse: "O garçon me disse que você gosta muito dessa música, temos algo em comum, eu adoro Verdade Chinesa. Ele sentou-se e começaram a conversar como seu fossem velhos conhecidos, sem necessidade de se identificarem, apenas satisfeitos em viver aquele momento, gerado por uma circunstância aleatória.

Depois de algum tempo, ela disse que gostaria de conhecer o Alto da Sé. Ele se prontiificou a levá-la.Lá ficaramcontemplando a vista maravilhosa do Recife. Ela estava extasiada, e aí pegou na mão dele e acariciou, ficaram juntinhos e trocaram ujm longo beijo. Ela disse rindo: "Não preciso saber seu nome e nem você o meu. Bssta o nosso encontro, esse momento". Continuaram tyrocando carícias, delicadamente, apaixonadamente, sentiam que precisavam evoluir. Ela então direta perguntou se nao havia um local adequado, reservado. Ele levou-a a um motel. Lá fizeram amor com muita paixão e com muita ternura, mas intensamente, sabiam que aquele momento nao se repetiria. Depois de mais uma riodada, ela olhou o mostrador do relógico e disse: "Cara, preciso ir embora, são nove e meia e meu avião decola as dezz e meia. Ele lamentou mas concordou. Chamou um táxi, não foi com ela, ela disse que detestava despedidas, apenas trocaram um beijo longo, intenso, de adeus. Ela entrou no táxi, e cantarrolou para ele: "!Senta, se acomoda/ À vontade, tá em casa...". E o taxi arrancou. Ficou só a lembrança de uma verdade chinesa. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 10/11/2015
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