Meu país

Acabei de ler a excelente reportagem sobre a China publicada na revista Veja desta semana, e confesso que me senti desanimado por pertencer a um país onde o Estado busca a sua viabilidade em detrimento da Nação.

Há um consenso generalizado impingido pela mídia, órgãos de classe e escolas econômicas, de que a organização do Estado e a regulamentação da Economia, aliados a uma pujante ação contra aqueles que disso discordam, nos tornará um País sério, próspero e de primeiro mundo.

Ledo engano. Regulamentaram um país ainda pobre, e com isso engessaram os sonhos. O Estado está presente em tudo, protegendo ideais e, consequentemente, ceifando desejos.

A China bate recordes de crescimento e pode, gradativamente, ir se regulamentando na dosagem certa, quando se fizer necessário, apenas e tão somente porque sua população está inspirada no bem mais precioso que uma nação pode ter: a confiança no futuro. Essa confiança está atrelada ao desejo de sua população em ganhar dinheiro.

Que me desculpem os entendidos, mas o crescimento de uma nação é o resultado do desejo de sua gente em busca de um sonho.

Obviamente, o Estado na China é mais presente, mas com ideias próprias, atinadas com as suas necessidades, e sabe exatamente aonde quer chegar. É um Estado que desafia os tratados internacionais de patentes em prol do emprego de seu povo e do fortalecimento de sua indústria, além de desafiar o poder econômico internacional e sustentar, sabe-se lá como, a sua moeda desvalorizada em prol de suas exportações; e nem por isso o fluxo de capitais deixa de adubar o seu crescimento.

O meu desânimo se acentua na boca da noite, quando os analistas econômicos e políticos de meu país debatem questões tão dissociadas das verdadeiras necessidades da Nação.

Eu gostaria de ver nossos políticos, e a mídia em geral, preocupados com a falência da educação brasileira, buscando os reais motivos que levam nossos jovens a não se sentirem motivados.

Eu gostaria de ver programas de recuperação e construção de estradas.

Eu gostaria de ver programas para melhorar o atendimento nos hospitais públicos.

Eu gostaria de ver programas para reintegrar os delinquentes na sociedade: programas reais e não vingativos.

Eu gostaria de ver programas de incentivo à produção, irmanando políticos com empresários numa busca incessante de gerar empregos; única forma digna e eficaz de distribuir riquezas.

Enfim, eu gostaria de não ter que questionar. Para quê queremos o Estado?

Carlos Campregher