A MELHOR INFANCIA

MINHA INFANCIA

CAP 1

Retiro, V Redonda 26/11/2015

Observe uma criança diante do seu tablet ou do computador. O barulho infernal que os joguinhos eletrônicos emitem,constrasta com o silencio,e a solidão,mas o seu interesse e total.

Ouvindo tal barulheira,me lembro da minha infância que se passou há muitos anos.

Naquele tempo,vivíamos a nos divertir com muitos brinquedos oferecidos pela própria natureza,a terra, os rios,o açude e os campos floridos.

Como na tela de um cinema,passa diante dos meus olhos algumas aventuras que eu vivi junto com os meus pais ,meus irmãos e demais membros da familha e muitos amigos que, como eu, tinham uma vida simples mas divertida.

Como não lembrar do carro preto,que não era nenhum carro preto,mas sim uma das historias contadas por Tia Maria,com a intenção de fazer com que ficássemos quietos ou diminuísse a bagunça que eu,meu irmão Paulinho ,minha irma Regina e as vezes algum outro coleguinha fazíamos constantemente.

Esse personagem, o carro preto,foi caracterizado pela tia Maria,na forma de um ser vestido com um chapéu velho e uma roupa bastante surrada calçando um sapatao também muito usado,que certamente não era dela.

O carro preto as vezes era também interpretado pelo meu tio Benicio ou ate pelo meu pai,o que descobri de uma forma heroica,o que contarei mais tarde

Carro preto certa vez,pegou o Paulinho,levou o para a escadaria que levava a casa do vovo Miguel que ficava perto da nossa,dizendo a ele que ia buscar me,o que não ocorreu porque eu já tinha ido brincar em outro lugar.Passado algum tempo,encontrei o meu irmão sentado na escada e perguntei a ele o que estava fazendo ali e ele me disse que tava esperando o carro preto que tinha ido me buscar.

“Dexa de ser bobo Paulinho, vamos pra casa que já ta na hora do almoço ,a tia Maria já esta chamando.

O mito do Carro preto durou ate um fim de tarde,em que la na cozinha da nossa casa,eu bebia cafe diretamente do bico do bule,quando pelo vidro da cristaleira avistei a sinistra figura do Carro preto vindo em minha direção,pe ante pe silenciosamente.

Num reflexo,atirei o bule na cabeça do monstro que saiu correndo para o quintal.corri atraz dele com um pedaço de pau e ele se embrenhou na grotinha que ficava ao lado da nossa casa.

Na hora do jantar,tio Benicio estava sentado na mesa com um grande galo na cabeça.

Foi então que todos nos ficamos sabendo que o Carro preto eram tio Benicio,tia Maria e ate o meu pai

Tia Maria cuidava da gente uma vez que mamãe ficava com meu pai na Barraca (uma quitanda que ele possuía¬), localizada onde atualmente e o Jardim da infância Marratma Gandi no bairro , Retiro , em Volta Redonda a cidade em que moramos ate hoje).

A barraca ficava bem próxima a uma figueira onde debaixo de sua sombra os malandros da época se reuniam para jogar baralho e devido a proximidade do local ali,eu presenciei muitos acontecimentos,alguns ate mesmo hilários como por exemplo quando o seu Braguinha que era uma espécie de investigador da policia vinha prender o Ailton um menino desordeiro ,pasmem voçes, de bicicleta.

O que acontecia sempre era que o Ailton saltava da garupa da ‘’viatura’’ e fugia voltando logo depois que o ‘’investigador’’ ia embora.Ate hoje tenho minhas duvidas se aquele homem era de fato investigador da policia ou um maluco que pensava que o era

Na época de carnaval, não posso deixar de lembrar do ‘’Feioso’’ um caminhão velho que meu pai possuía para os trabalhos na sua quitanda que era sempre guiado por meu Tio Benicio.

Feioso, como um burro velho, vivia empacando. Enguiçava toda hora e tinha que ser empurrado ate funcionar o seu motor velho e cansado.

Na época do carnaval que era sempre na Vila Santa Cecilia, no centro da cidade, todos nos em grande algazarra subíamos na carroceria do feioso e aos solavancos la íamos nós.

Esse era um dos nossos melhores passeios, não pelo carnaval em si, mais pela grande aventura que era ver o tio Benicio, as voltas com o Feioso, entre xingamentos e maldiçoes,sempre com aquele cigarro na boca, equilibrado em seus lábios não sei como.

O Feioso enguiçava e todos descíamos para o empurrar e assim com toda esta dificuldade chegávamos la.

Na volta pra casa era sempre a mesma coisa.

E as touradas que íamos assistir,com o Feioso servindo de camarote?

Elas eram realizadas em um terreno próximo ao campo do Flamenguinho diante de um bom publico,que ria a valer com os tombos que os toureiros,verdadeiros palhaços levavam.

Falando em palhços me lembrei dos circos que vinham quase sempre depois das touradas funcionando no mesmo local.

Em um desses circos tinha o palhaço’’ Biorol que era a alegria da garotada.

Mais não era so no carnaval,no circo e nas touradas que saiamos no Feioso não pois meu pai ia comprar produtos para vender na Barraca em S José do Turvo e em outos locais próximos pois o Feioso não garantia ir mais longe.

As vezes íamos visitar algum amigo de meu pai e la íamos nos, ate para ajudar a empurrar o caminhão.

Meu pai era um grande homem e tinha um bom coração. Certa vez um de seus fregueses por não ter como saldar as dividas o chamou a sua casa para que o meu pai levasse um de seus objetos em troca do perdão da divida.

Neste dia aprendi uma lição que guardarei por toda minha vida.

Papai concordou em receber os objetos, uma geladeira e uma tv, coisa que ainda não tínhamos em nossa casa.

Quando tudo estava na carroceria do caminhão e tio Benicio já ia dar a partida,meu pai notou que as crianças estavam tristes certamente pela falta da tv.

Na mesma hora ele mandou descer os objetos,o que tio Benicio fez sem reclamar e voltamos pra casa.

Meu pai disse que não poderia deitar a cabeça no travesseiro e dormir lembrando se daqueles olhinhos inocentes e tristes .

Meu pai, o Seu Bene, era um pacato cidadão, funcionário da CSN,muito amigo de nossos vizinhos e dos seus colegas de trabalho,virtude essa que eu como seu filho mais velho vim a herdar.

De vez em quando ele chegava a tardinha trazendo sempre um dos companheiros de trabalho pra filar a boia que mamãe preparava com muito gosto e competência.

Foi assim que conheci o Polones, um homem gigantesco e muito forte,Seu Lafaiete,

o Aurelio,o Ovidio e o Domingo aço que era um albino. Polones,Domingo aço e Aurelio eram os mais habituais a filar a boia preparada pela dona Cicita,a minha mae.

Ela era assim chamada abreviando se o seu nome bastante exótico que era Coercita.

O gigantesco Polones,certa vez separou uma briga minha com o meu amigo Carlin Fumo colocando os dois sobre os seus ombros largos ameaçando nos com suas mãos enormes.

-Que e isso meninos brigando logo com o filho do Fausto (Este era amigo e também colega de trabalho do meu pai)

Domingo Aço,na revolução de 64 passou a usar um capacete vermelho e dizia se comunista, o que lhe valeu a prisão no quartel em Barra Mansa.Mais era apenas um pobre,simples e inconsequente.

Aurelio, um branco muito forte,ia sempre la em casa e eu gostava muito dele,ate que papai deu lhe o meu cãozinho de estimação chamado Japi e nem mesmo depois de ter ele me dado de presente um canário da terra muito cantador e bom de briga eu arrefeci da revolta que sentia pela perda do meu amigo inseparavel.

Papai não fizera aquilo por maldade, era porque ele não sabia dizer não aos seus amigos.

Papai gostava de mexer na terra sabia como ninguém cultivar os seus mamões.

ele primeiro fazia o viveiro,um pequeno canteiro onde semeava as sementes do delicioso fruto regando duas vezes ao dia.Em seguida replantava as mudas definitivamente.

Nunca mais vi um mamão tao grande e delicioso como aqueles do Seu Bene que eram.apreciados por todos que passavam na estrada em frente a nossa chácara,

Seu Bene fazia zero-hora la na csn e so ia descançar la pelas duas horas da tarde porque a cada manha ,la estava ele sempre em movimento em sua propriedade,vivia mudando as coisas de.lugar,sempre ao meu lado e do mano Paulinho.

As vezes depois de carregar as madeiras para outra parte do terreno,ele olhava e não se dava por satisfeito.

Mandava recolocar tudo onde estava ou em algum outro lugar.

Antes de vir para o bairro Retiro nos morava mos no bairro Conforto como muitos funcionários da CSN. Uma vez um enorme cao,um fila Dinamarquês branco e marrom o seguiu e ficou la em casa vindo para o Retiro quando para la mudamos.

Papai deu lhe o nome de Leao.

O engraçado,lembro me agora e que quando meu pai ia dormir após o almoço ele ficava uivando la no terreiro e papai la do seu quarto gritava:

-Vai deitar Leao/ e isso era varias vezes ao dia isso tudo aliado a algazarra que eu e meus irmãos fazíamos,o que nos valia algumas varadas.

Tempos depois o dono do Leao apareceu e o levou.Leao era uma fera mesmo,o seu latido forte amedrontava qualquer invasor.

um outro cao que também veio do conforto foi o Mais preto ,um vira latas muito valente que me defendia quando algum menino me atacava.

Tempo depois meu pai ganhou do Seu Raimundo do Açougue um outro cao o Feroz, um cao policial acostumado a apartar as vacas do sitio do Seu Raimundo.

Feroz era tao grande e forte que em uma carrocinha que improvisamos puxava pelas ruas a mim ou o mano Paulinho.

Nos dias de vacinação canina,era um caos,pois o Walmir tinha um outro canzarrão e era presiso marcar horários diferentes,senão,quem ia segurar as duas feras em combate. Uma vez eles brigaram e depois de muito trabalho a briga foi apartada, não sem antes o Feroz matar um pequenino cãozinho que latia muito por causa da briga. Não presiso dizer que os vizinhos temiam aquela fera.

Uma vez um gato da minha irma,comeu um de meus passarinhos e por infelicidade do gato,quando corri atraz dele,ele subiu na arvore onde o Feroz era amarrado.Com uma vara de bambu,eu o derrubei e ele caiu em frente ao cachorro que o estraçalhou em segundos.

Minha irma tinha uns coelhos graúdos que ficavam em um viveiro la nos fundos de casa.Um dia o Feroz escapou e fez uma tragédia,matou todos os coelhos.

Levei a culpa,mais nada tive a ver com aquilo.

Os empregados da CSN cognominados de Arigos eram levados para o trabalho diariamente sobre a carroceria de um caminhão que era chamado popularmente de Pica Pau que saindo do ponto de embarque que era sempre de baixo da figueira .que ficava próxima a Barraca.

O Pica-pal ,um caminhão que tinha a carroceria coberta por uma lona vinha busca los no horário dos três turnos,o Zero hora que era o primeiro turno, o Oito as Quatro o segundo eo quatro a Meia noite que era o terceiro turno

Neste momento quando escrevo sobre o transporte dos ‘’Arigos ,passa bem em frente a minha casa,um dos confortáveis ônibus da empresa Sul Fluminensa,que serve,o nosso bairro,eu me lembro dos primeiros coletivos,que naquela época tinham o ponto final de parada bem em frente a ‘’Barraca.

Era o tempo das Mercedinhas da Viaçao Retiro,pilotadas pelos senhores ZeMacaco,Gentil,ManeCarteira,Genesio,e Seu Abraao Anos depois a Viaçao Retiro,associou se a atual Viaçao Sul Fluminense.

O policiamento da cidade também merece ser lembrado,pois era a época dos temidos ‘’Chapeuzinho Vermelho,uma força policial municipal,que tentava impor a ordem a cidade que crescia junto com a CSN no cenário da época.Depois de muito abuso de autoridade por parte daqueles soldados eles foram um dia desmoralizados no centro da cidade,fato este que presenciei com meus próprios olhos.e acho interessante narrar aqui.O fato foi assim:

Eu ia ao cine Avenida assistir um filme do herói Maciste que era o cartaz da época pra garotada quando ao passar em frente a um bar na Av Paulo de Frontin,os samangos,mais ou menos uma dúzia deles tentavam prender um escurinho,magro e de pequena estatura.

Muito ágil,o neguinho passava a rasteira nos policiais que caiam uns sobre os outros,sobre as vaias da grande plateia que se formara em segundos.Eles chamaram reforços e por fim o levaram para a delegacia.

Nao me pergunte que eu não sei responder,eu so sei que aquele neguinho,mais tarde se tornou mais um dos temíveis Chapeuzinho Vermelho.

Miha mae, a dona Cicita era uma mulher de muita fibra,ajudava meu pai no comercio e ainda administrava as nossas vidas quanto a educação e tudo mais.Ela era muito boa mas tinha um gênio terrivel quando contrariada.

Certa vez ela mandou la da Barraca,uns legumes e um pouco de linguiça para que a Ana a nossa empregada lhe fizesse uma sopa com caldo de feijao que nos apreciávamos muito,mais a pobre não sabia fazer a sopa como mamãe fazia e assim quando ela chegou de trabalho aquilo tava que era um grude so

Mamae ficou uma fera e jogou tudo fora fazendo agora do seu jeito e logico,ficou uma delicia,já que ela era eximia cozinheira.

Era ela que cuidava de nos matricular na escola ir as reunião de pais e etc.

Neste momento em que escrevo as historias e os causos da nossa infância,e isso me remete a uma ocasiao em que la no antigo Grupo Escolar Savio de Almeida Gama,hoje extinto,onde cursava a quarta serie,Seu Jose,o vigia,ao soltar um foguete em uma das solenidades da escola,este explodiu em sua mao.Horrorizados,todos nos vimos os dedos do pobre homem caídos pelo chão.

Depois disso,nada me faria soltar um foguete nem que seja na ponta de um bambu bem grande.Nao em hipótese alguma,e ate hoje não entendo porque se fala tanto em poluição,buraco negro na atmosfera e etc e ainda fazem isso indiscriminadamente.porque isso não e proibido pela lei?

Um dia quando estudávamos os três, agora no Colegio Paulo Mendes,houve uma enchente que derrubou parte do telhado do pátio, quebrou as vidraças das janelas e os bombeiros foram chamados para nos tirarar de la,levando nos para dentro da Prefeitura que ficava perto do colegio .

Com a agua ate a cintura,eu,Paulinho,Valfrido e outros andávamos da prefeitura para o colégio já que eram próximos,vindo novamente trazidos no carro dos bombeiros de volta a Prefeitura,o que deixava os professores loucos da vida.Pra nos era tudo uma farra.

Bons tempos estes do Golegio Paulo Monteiro Mendes .Foi ali que eu e meus irmãos,o Paulinho e a Regina ,que nos chamamos de Muca, apelido este dado pelo nosso pai,que nos cursamos o primeiro grau ,que na época era o Ginasial. Naquele tempo tinha os concursos de fanfarras, onde os três irmãos participavam e as Olimpiadas Estudantis ,criação do jornalista Mario filho de ‘’O Globo’’ Os concursos de fanfarras eram quase sempre vencidos pela Escola técnica Pandia calogeras ,mais nos também fazíamos bonito ,embora não tivéssemos o poderio da ETPC nem do Colegio Batista Americano ou do Colegio Macedo Soares. As olimpiadas era o bicho e o duelo principal era contra a ETPC ou o Macedo Soares.No nosso campo , que era onde hoje e o Estadio da Cidadania ,nos eramos imbatíveis pois a nossa equipe jogava junto há vários anos e além do mais todos nos jogávamos no Internacional que era um bom time de garotos do bairro N S Das Graças ,bairro este recém criado.

A equipe do Colegio Paulo Monteiro mendes tinha alguns bons jogadores e eu por modéstia não irei icluir o meu nome. Pensando melhor ,este livro nara a historia da minha infância e tenho o direito de me incluir neste time.corta esta de falsa modéstia.

Nosso time tinha alguns bons valores , como o goleiro Breno,o zagueiro Guilherme, o volante Herminho o atacante e goleador que dou um doce para quem adivinhar o nome e o astro da equipe o Nenen Capeta que era o numero 10 alem do Vieira que era o ponta esquerda que com o Alessio formava a dupla de endiabrados ponteiros.

Teve um jogo contra o Macedo Soares numa semifinal que em nosso campo se tornou uma verdadeira batalha campal que terminou com a guarda municipal baixando o pau nos brigões e eu me lembro que um dos guardas gritava :

-Diabo que me atenta//

E descia o cassetete com vontade. Neste jogo eu muito afoito marquei um gol contra ao atrasar uma bola e a mesma ficar presa na lama ,pois chovia bastante. No afã de empatar o jogo ,numa dividida Fiz o gol de empate e tirei de campo o Hélio Baliza que era o craque do time deles.

Ai meu irmão a guerra começou. Serenado os ânimos, o jogo continuou e no segundo tempo o Nenem capeta fez o gol da vitória e por isso a batalha recomeçou. Ate hoje eu tenho saudade daquele tempo que já se foi e não volta mais. Ate hoje eu ainda sonho com aqueles jogos memoráveis e aquela bela e épica vitoria.

Eu sempre ,des da minha infância fui maluco por futebol ,torcedor do Botafogo ,clube este que ate hoje e preterido pela mídia. Naquele tempo era muito pior e para se ver um jogo pela tv tinha que se fazer loucuras pois era so a Bandeirantes que passava os jogos e o pior era que ela tinha um sinal horrível ,o que persiste ate hoje . Louco para ver o jogo do Botafogo contra o Santos onde poderia ver em ação os dois maiores jogadores do mundo que vocês já sabem de quem estou falando e se por acaso por serem flamenguistas não o reconheçam eu vou citar os nomes de Garrincha e Pele. Como ia dizendo ,naquele dia fiz uma verdadeira loucura para ver o meu ídolo jogar na tv. Como eu disse ,o sinal da Band era terrível e a antena da tv ficava em um barranco ao lado da nossa casa e eu resolvi tira-la do lugar para ver se melhorava o sinal , já me contentando ate em ver o jogo cheio de chuviscos na tela .A medida que andava com a antena o sinal se alterava mais ainda não dava para ver nada e foi assim que de repente me vi com aquela antena de vinte e um elementos dentro da sala , bem em frente a televisão. Ai sim pude ver o final da partida. Por isso afirmo sem sombra de duvida que fui o precursor e inventei a antena portátil nas Tvs ,pois eu fui o primeiro a coloca la dento da sala .

Eu moro ate hoje em uma chácara que no tempo de papai era muito maior e quem cuidava de tudo era tia Maria irmã de papai que era solteirona e nos tinha como seus filhos. Com um lenço na cabeça deixava tudo limpinho manejando a enxada com mestria de cabocla. Ela não era obrigada a fazer aquele trabalho,mais era o que ela mais gostava de fazer.

Papai cultivava na sua chácara muitas frutas como laranja,banana,abacate,cana caiana, tangerina e mexerica.

Mais a sua melhor cultura era o mamão.

Como a nossa chácara fica de frente para a estrada que levava ao Acude que logo se tornaria o bairro do Açude, os mamões do meu pai sempre em boa quantidade eram muito desejados. Ate hoje não vi mais mamões como aqueles. Eram o orgulho do seu Bene. Pena que nem eu nem meus irmãos que aprendemos com ele como cultivar não continuamos a sua obra.

Mais quem cuidava de tudo ,da criação de porcos,da granja era tia Maria que depois de algum tempo recebeu a ajuda de Tio Armando,seu irmão que também veio morar conosco.

Nos o chamava mos de Rolão, devido a grossura do cigarro de fumo de rolo que ele fumava.

Meus três irmãos,o Paulinho,a Regina e nossa irma mais velha Tereza filha do primeiro casamento de papai, que era viúvo quando se casou com minha mae.

Dada ,como meus irmãos a chamavam, uma vez que eu sempre a chamo ate hoje de madrinha, ajudava tia Maria a cuidar dos três peraltas.

Na hora do banho ela tinha que correr atraz de cada um de nos por toda a chácara que tinha uns pequenos morros, para onde corríamos pra nos esconder. Mais de um jeito qualquer ela nos arrastava para o banho e nos dava a janta, ajudada pela tia Maria que brincava fazendo a colher de aviãozinho para levar a comida a nossa boca.

Não tinhamos televisão,apenas um velho radio e não se dormia antes de ouvir as historias que tia Maria nos contava como a do Rola Quituto por exemplo.

Tio Armando também sofria em nossas mãos, principalmente com o Paulinho.

Olhando para o terreno ao lado,que era nosso naquele tempo,onde ficava a pequena granja onde papai criava galinhas, patos e perus que tio Armando tratava duas vezes ao dia, me vem à mente as peripécias do Paulinho.

Pobre tio Armando,vergado ao peso de um saco de raçao de repente pisa em um buraco e cai derramando tudo ao chão lavagem e etc.

_Cabrunco,Lamparao,chingava o pobre velho enquanto Paulinho o autor da armadilha ria a valer.

Maria Algusta,gritava ele pra tia Maria,você num batizou este menino não/ Maria Algusta .

Quando chovia os porcos fuçavam a terra molhada e fugiam do chiqueiro,e la íamos nos com o tio Armando pelo morro em frente a nossa casa tentar traze los de volta.Paulinho da varanda de nossa casa,orientava a direção onde os animais estavam.

-Tio Armando,eles estão mais ao sul/

So que tio Armando era meio surdo e gritava la do morro:

na casa da Sula?

Sula era a esposa do tio Benicio que morava em outra chácara chamada ‘’Cafua’’ e era bem distante da nossa.

Tio Armando não sabia ler nem escrever mais era fera em fazer contas,porque em sua mocidade trabalhara em uma usina de açúcar em Campos dos Goitacazes como ‘’balanceiro’’.

Ele gostava de se reunir comigo e meus irmãos depois que chegávamos da escola, enquanto esperávamos o jantar, para apresentar alguns problemas de matemática da sua época. Os mesmos eram cantados mais ou menos assim:

-Bom dia minhas cem rolas,cem rolas não somos nos,com a terça parte de nos mais a metade de nos,contigo seu gavião,cem rolas seremos nos.(Voce e capaz de resolve lo?)_

O único que tentava e as vezes acertava era eu e por isso tio Armando tinha uma certa preferencia por mim.

Tinha também um verso que ele recitava para o Alfredo,meu sobrinho,filho da minha irma Tereza que já tinha se casado . o Alfredo era o primogênito dos três:Alfredo,Sonia e Solange.

O verso era assim:

‘’Alfredo pos se em frente ao batalhão,gritou ‘’ombro arma’’ e os meninos saíram marchando.

Ao escrever Este texto,noto que a nossa familha tinha muito a ver com um ‘’gibi que eu gostava muito de ler na minha infância

‘’Os sobrinhos do capitão’’porque as nossas peripécias se pareciam muito com as que Hans e Frits prontavam .

Papai seria o Capitao, Tia Maria a D Chucruts e tio Armando ,o coronel.(qualquer semelhança não e mera coincidência).

A medida que crescíamos,aumentavam as nossas peripécias, Aprendemos a nadar no córrego que represávamos construindo os vários poções que diariamente visitávamos.

Naquela época aquele riacho era o nosso paraíso,e ate as igrejas Evangélicasjá faziam muitos batismos naquelas aguas.

Tempo maravilhoso era aquele muito diferente da triste realidade de hoje.que ao invés da cachoeira por nos denominada,Bicao o que vemos hoje e apenas uma fétida galeria de aguas pluviais.

Quando não estávamos nadando nos poções perto de casa,saiamos em busca de novas aventuras acompanhados dos amigos Carlin fumo,Paulo cezar, Lili,Jorge perereca,Dailton e Toninho galo Cego para pescar e nadar no açude e em outro poção no bairro Bel Monte o Cinco Manilhas. Além disso,muitas vezes nos arriscávamos nadando no Rio Paraíba.

Nao preciso dizer que nossos pais nem de longe imaginavam o que estávamos aprontando,se soubessem que as nossas aventuras se estendiam ate ao Rio Paraíba a coisa ia ficar preta e nos custaria algumas chineladas

Certa vez,uns ciganos trouxeram mais ou menos uns vinte cavalos bravios e logo fizemos amizade com eles. Sabem quem amansou aqueles cavalos?

Querem que eu diga?

Tio Armando era chamado de ‘’Rolao por causa do cigarrão de fumo de rolo que ele acendia com um isqueiro que parecia um maçarico.

Quando a garotada o via nas ruas era um coro so: -O, Rolão,Rolao ...o que fazia que ele saísse correndo atrás da garotada que corria e se escondia.

No local onde ficava a Barraca,tinha uma longa peça de ferro,a lança velha de um guindaste certamente da CSN em que nos brincávamos sobre ela o que nos valeu muitos tombos. Mais o melhor de tudo eram as peladas que a gente jogava ali,pois o terreno era bem grande e plano.

As peladas duravam quase o dia inteiro e terminavam ao cair da noite.Adultos e crianças frequentavam o local, e muitos que jogavam ‘’ronda debaixo da figueira também gostavam de bater uma bola.

Naquelas peladas desfilavam verdadeiros craques como o Oswaldo Carijo,que era o artilheiro do grande Flamenguinho da época,o Lu Bengala,um senhor zagueiro,Joao careca,outro cracaço, Joao Corro,Gonzaga e outros que faziam parte do time do Unidos Futebol Clube e também do Flamenguinho.

Foi neste time que eu ,Paulo Cezar,CarlinFumo,Lili e Jorge perereca calçamos as primeiras chuteiras.

Minha irmã Regina,tinha muitas amizades com as meninas que eram nossas vizinhas e as visitava sempre. Quando íamos a sua procura tinha que se fazer uma verdadeira via sacra,por isso Tio Armando a chamava de Bandeira de Santo Rei o que a deixava furiosa .

Como ainda não tínhamos televisão,íamos com nossos amigos ate a Igreginha,uma parte do Retiro assistir a Tv em uma loja que existia ali.Os meninos daquela localidade eram nossos desafetos e muitas brigas eram ali deflagradas principalmente contra a Corriola do Carrapa que era o chefe .

Essa rixa se estendeu mais tarde por toda a nossa juventude,pois em um livro anterior a esse eu narrei uma confusão que tivemos na praia em Angra dos Reis durante uma partida de futebol na areia.

Entre as diversões da nossa infância, não posso me esquecer de um antigo Balneário que existia antigamente em nossa cidade,frequentado por populares,mediante a uma pequena quantia paga para se entrar ao recinto.O local,era uma represa formando dois lagos,sendo que o segundo era maior e mais frequentado.

No primeiro,a atração era uma arvore bem alta,plantada bem próxima a margem do lago,de onde os mais corajosos exibiam a sua pericia e coragem saltando de um dos seus galhos mais altos.

Uma vez,tentando tal proeza,propiciei um dos saltos mais expetaculares,que como diria um bordão da época ,’’Fotografou? Nem eu.

Mais a verdade e que na hora H eu tremi na base e quis descer,eu tremia e suava frio e além do mais ficaria muito feio recuar no momento que era observado por muita gente.Eu tentei descer mais não ia conseguir.A solução foi então, pular em pe.

So que o meu corpo que caia em pe,virou no ar,deu umas piruetas e caiu em grande estilo. Quando emergi,fui muito aplaudido e cumprimentado pelos presentes que pediam para repetir o salto.o que obviamente não tentei novamente.so muito tempo depois,quando se tornou minha marca registrada. Mais isso nunca ninguém filmou ou fotografou não e mesmo?

Acabo de me lembrar neste momento,de um fato extraordinário:

Eu sei que voces já ouviram contar historias extraordinárias sobre bananeiras que deram dois cachos. Esta tem um outro fator extraordinário que vou narrar agora pra voces:

Eu lanchava em uma lanchonete la no bairro Aterrado,quando ouvi sem querer a conversa de dois homens,la na calçada onde um deles mostrava ao outro uma fotografia de uma bananeira com 2 cachos na mesma bananeira.

Não tenho o mal costume de ouvir a conversa alheia,mais o que despertou o meu interesse foi que um dos dois homens se referia ao Seu Bene que tinha uma chácara la no final do Retiro. Claro,so poderia ser o meu próprio pai.Intrigado me aproximei e pedi pra ver a tal foto,que agora já era exibida a todos ali presentes.Na foto ,bem envelhecida aparecia o meu pai ao lado da tal bananeira ladeado por dois meninos.Imaginem a cena quando disse para aqueles homens que um deles era eu . Este fato não poderia faltar neste nosso livro.

Bem amigos, já estamos terminando este trabalho e vou fechar com chave de ouro com outra historia incrível,que bem poderia iniciar outro de meus futuros livros.

Papai chegara do trabalho lá na CSN junto com Tio Benicio,que com ele trabalhava la na mesma área ou o mesmo departamento.

Meu pai ,por ser mais antigo no serviço,ocupava o cargo de Encarregado,cargo este que atualmente nem sei se ainda existe.

Naquela época,os Arigos,como eram chamados os empregados na maior usina do pais,levavam para casa um capacete de fibra,sem o qual não poderiam entrar na empresa.Enquanto papai tomava banho e se preparava para o jantar,peguei o capacete do Tio Benicio e colocando o na minha pequena cabeça, a cabeça de um menininho de sete ou oito anos e pronunciei uma frase que sem que eu soubesse era uma previsão do meu futuro.

Eu havia colocado aquele capacete que mal podia equilibrar na cabeça e com a marmita de papai de baixo do braço dizia a todos:

-Eu vou baia cum o pai.

Todos riram bastante,mais aquilo se cumpriu,anos mais tarde quando de fato eu fui mesmo trabalhar com o Tio Benicio,que naqueles dias se tornou o meu encarregado quando ingressei nos quadros da CSN.

FIM

ANESIO SILVA
Enviado por ANESIO SILVA em 27/11/2015
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