Brasil de Ontem e de Hoje. Continua uma Vergonha! (*)

Depois das eleições de 2014, recolhi-me a merecido ócio literário. Reduzi o ímpeto de minha frágil pena, implacável enquanto me dispus a comentar sobre os malfeitos petistas e de seus aloprados seguidores. Antes e durante o período eleitoral, debrucei-me sobre os acontecimentos políticos, econômicos e administrativos do Brasil, afligido, ainda hoje, pelos mesmos problemas. Ou piores, diria melhor. Meu desiderato foi oferecer ao eleitor esclarecido a oportunidade de refletir sobre a administração pública nos governos de Luiz Inácio e de Dilma Rousseff.

Infelizmente, tive pouco êxito em minha intenção de mostrar ao brasileiro a fragilidade da economia na gestão petista, entregue a pessoas sem méritos, desprovidas de boas intenções, admitidas exclusivamente para fazer política partidária e não para trabalhar. Também o meu esforço foi insuficiente para alertar um maior número de cidadãos sobre atos reprováveis de Lula e de seus sequazes seguidores, hoje devidamente comprovados. Igualmente, não obtive sucesso em clarear as ideias de muitos eleitores, impregnadas de falsos argumentos, por exemplo, de que as melhorias econômicas e sociais ocorridas no país cabiam exclusivamente ao governo petista. Uma tremenda injustiça com a gestão tucana que iniciou um novo ciclo de desenvolvimento nacional, debelando a renitente inflação e privatizando empresas perdulárias e ineficientes.

Minhas insistentes observações foram infrutíferas. Não consegui demonstrar, para muitos, que o país não se encontrava tão bem como diziam o falastrão de nove dedos e sua ineficiente sucessora, no intuito de encobrir a verdade. Em sua corrida para o futuro, o Brasil enfrentava, na época, e ainda enfrenta na atualidade, sérios obstáculos a transpor. Os falsos argumentos do governo convenceram muitos. Os meus alcançaram poucos. Eles venceram. Eu perdi. O Brasil perdeu.

Antigamente, o cálamo dos sábios foi valioso instrumento de perpetuação da memória histórica da humanidade. Nos dias atuais, a pena do justo ainda verbera, sem medo, ao acusar os infratores da moralidade. Não é isso o que ouvimos diariamente? A mídia não me deixa mentir! A pena do sábio é, sim, preciosa. E continuará a sê-lo, na tentativa de alterar a opinião de renitentes eleitores, despolitizados e desmemoriados.

Não sou sábio. Longe disso. Reputo-me como intransigente observador, que não faz exceção aos erros de quem quer que seja. Menos ainda se são cometidos por políticos aproveitadores da ingenuidade do eleitor sem escolaridade suficiente para distinguir o saudável do podre.

O Brasil é o gigante que despertou do sono acalentado em seu berço esplêndido. A partir do governo de Itamar Franco, seguido pelos períodos presididos por Fernando Henrique Cardoso, acordou de sua sonolência crônica, bateu a poeira, e partiu para encontrar-se com o desenvolvimento, proporcionado pelas privatizações, principalmente as do setor de telefonia. Seguia célere para outras jornadas, quando foi entregue à incompetência e à desonestidade de políticos da mais alta índole criminosa, a mensaleiros, sindicalistas aloprados, apaniguados de variados matizes partidários, servidores públicos desleixados e a um covil de ladrões que dilapidam a riqueza nacional com uma voracidade "nunca vista na história deste país".

Decorrido quase um ano do segundo governo de Dilma Rousseff, senti uma coceira danada na garganta, desejando gritar em alto e bom som sobre o que tanto molesta o Brasil. Opto pela escrita, com a mesma impetuosidade do passado. Não posso calar-me diante de tudo isso que está aí: corrupção avassaladora; inflação em alta; gastos governamentais excessivos; trânsito caótico nas grandes cidades; saúde precária nos hospitais públicos; epidemias causadoras de grande número de óbitos; educação deficiente; insegurança do cidadão; infraestrutura aeroportuária em iminente colapso operacional, rodovias... Tudo. Ou quase tudo!

A dívida pública está nas alturas. O país deve quase três trilhões de reais, embora o governo alardeie o pagamento da dívida externa, na gestão de Lula. Não diz, porém, que ele o fez em detrimento da dívida interna. Extinguiu ou reduziu uma e aumentou vertiginosamente a outra. É como se alguém retirasse dinheiro de um banco para pagar a outro; a dívida continuaria a mesma.

O governo Lula deixou de “herança maldita” para sua incompetente sucessora, noventa bilhões de reais em Restos a Pagar do último exercício de seu (des)governo, afora outra montanha de dívidas de períodos anteriores a 2010.

Temo pelo que possa ocorrer ao final do governo Dilma. Infeliz de quem a suceder! E o que diremos de nós, pobres contribuintes, fadados a pagar a conta dessa farra insana, travestida de boas ações sociais?

A Copa do Mundo já se foi. Todos nós sabemos o resultado da megalomania petista. Que o digam os habitantes de Brasília, com relação ao Estádio Nacional Mané Garrincha. Existem outros na mesma situação, subutilizados, onerosos e vergonhosos. Agora, as Olimpíadas estão às portas. Com elas, graves problemas advirão com a sua realização impensada e inconsequente. A vergonha que passaremos diante do turista estrangeiro será inevitável. As calçadas das cidades estão esburacadas; as ruas sujas; os transportes coletivos caindo aos pedaços; os táxis insuficientes para atender a demanda; o sistema metroviário de pouca expressão; a violência crescente, que assusta e mata implacavelmente. Enfim, o caos, como opróbrio nacional.

O turista que desejar conhecer algum museu brasileiro terá poucas escolhas. Em Brasília, visitará o Memorial JK e a Casa do Violeiro; em Recife, os Museus do Frevo, de Luiz Gonzaga e de Mestre Vitalino, onde conhecerá os bonecos de barro, tão engraçados quanto os que fazíamos na infância; em Fortaleza, se deleitará com o Museu da Cachaça, em Maranguape. Existem honrosas exceções, poucas, por sinal. A maioria, em São Paulo.

E o que virá depois? Bem, disso, falarei em outra oportunidade.

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(*) Esta crônica foi reescrita para a sua adaptação aos dias atuais. A versão anterior data de 20.4.2011, publicada em livro de minha autoria, denominado Opróbrio Político.