SENTENÇA FINAL

Todo o corpo ficou em alerta depois que o cérebro, atormentado por aquele amor calamitoso, deu o comando final: "Acabou!"

O coração estava devastado e batia devagar, era o epicentro da catástrofe,

Os ouvidos se fecharam imediatamente para nunca mais ouvir a voz daquele amor destruidor,

O pulmão sofrido respirou aliviado quando aquela ordem chegou,

A pele, que não seria mais tocada como tantas vezes foi, assustou e ficou toda arrepiada,

As mãos, num movimento discreto e lento, acenaram um adeus no vazio daquele momento,

Os braços, acostumados a abraçar o outro corpo, abraçaram o seu próprio, numa espécie de aconchego protetor a si,

A boca, viciada naqueles beijos, cerrou os lábios sem mais nada a reclamar,

Os pés que levavam ao encontro obedeceram, mas as pernas tremeram,

A garganta, num extremo esforço, calou o grito que insistia em sair,

Somente os olhos, com um leve traço de rebeldia, olharam para o alto e em seguida se fecharam, derramando as últimas lágrimas que finalmente encerraram aquela história.

Claudia Salck
Enviado por Claudia Salck em 30/11/2015
Reeditado em 14/12/2015
Código do texto: T5465837
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