Devorada pelo tempo
Em sua pele havia traços de uma vida inteira.
Pele flascida e quebradiça, que um dia foi aveludada.
Em cada pedaço do teu corpo, estava marcado um momento.
A idade avançou, o tempo lhe engoliu.
Aprendeu antes de partir, que o mundo é defeituoso e o ego é irrelevante.
Seu coração conheceu paixões memoráveis, mas amor, apenas um.
Amor este que lhe deu um casal de filhos, sadios e fortes, guerreiros, como aquele amor foi.
Vivenciou egressos, desigualdades e teve incontáveis frustrações.
Mas pôde afirmar que não existiu apenas, ela viveu com todo literato, com todas as letras e todas as emoções.
E seu grande dia chegou, dia este que passaria a viver seu romance em um paraíso distante do caos.
E como Hamlet, personagem da peça escrita por Shakespeare, disse à beira da morte:
O resto é silêncio.