EU CONTRADITÓRIO

Eu estabeleci como analogia para a minha vida a imagem da escada echeriana - aquela em que há a impressão de não ter começo e fim, como se fosse um ciclo contínuo e perpétuo. Obviamente, é uma ilusão, assim como a projeção de nossa realidade e cotidiano.

Tenho princípios éticos, morais e espirituais, mas muitas vezes me defronto com situações em que questiono a lucidez das minhas decisões ou a coerência das omissões. Tenho a consciência da minha humanidade, mas os defeitos e contradições me corroem. Não é um ato de autocomiseração, mas sim uma decepção da incapacidade de muitas vezes ter a disposição de fazer aquilo que é certo.

Com exceção das escolhas necessárias para definir o que queremos ser, invariavelmente somos colhidos por uma sucessão de eventos em que decidimos aquilo que vamos fazer e, consequentemente, aquilo que realmente somos.

Essa aleatoriedade cotidiana deveria prescindir de uma prévia capacitação para resolver os problemas: porém, muitas vezes transformamos pequenos obstáculos em uma fonte inesgotável de decepção. E quanto aos problemas realmente importantes, acabamos relevando por serem aparentemente insolúveis.

Viver é o exercício necessário entre a capacidade de abstrair o ilusório e defrontar com a realidade... a questão que nesse processo, às decepções invariavelmente são maiores do que as nossas expectativas. E nesse contexto, surgem aquelas pessoas que são eternamente insatisfeitas.

Sinceramente, gostaria de encontrar um ponto de equilíbrio em minhas condutas e pensamentos. Não quero tornar-me um arquétipo distante de todos, por não comungar com os pensamentos da maioria, assim como me transformar em um rascunho de personalidade.

Enquanto não aparo as arestas da minha contradição, resta divagar...

SEBASTIÃO SEIJI
Enviado por SEBASTIÃO SEIJI em 08/12/2015
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