Semicerrados

Estou com sono. E ainda nem é noite, na verdade o dia começou a poucas horas, só não me dei conta disso por completo, muito embora já tenha respondido a pelo menos cinco "bom dias".

Voltando ao sono, é uma pena não está escrevendo isso em casa, provavelmente ao terminar (ou quando desistisse) me entregaria novamente ao regaço de minha rede. Mas não, já estou sentada entre paredes de um ambiente bem refrigerado (o que também ajuda a embalar meu sono) e a sala está cheia , creio que com pessoas com tanto sono quanto eu, pois estão tão mudas quanto eu e essas paredes.

Há uma voz constante, insistente, pouco convidativa, um professor. Ou talvez todos nós, paredes mudas, estejamos duros demais, oníricos demais, alheios demais para filosofias e psicologias as sete da manhã. Ainda temos olhos semicerrados, incapazes de nos apercebermos do contato dessa voz e de tantas outras. Em nossos ouvidos soam apenas músicas aleatórias, que nos ajudam a emudecer ou a dormir.

Talvez seja o horário, talvez seja o sono ou a voz pouco convidativa ou talvez seja o estado mudo das paredes, que barram os ecos e que nunca se dão conta que o dia começou faz tempo.

Lili Almeida
Enviado por Lili Almeida em 30/06/2007
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