O PRISIONEIRO

O prisioneiro

Sob a força imperativa e impetuosa do destino tu te agitas como um caniço açoitado pelo temporal! Sem saber como agir, não procuras em teu interior, a força que tens para buscar a tua paz!

Não adianta contorcer-te na esperança que tua agonia comova o carrasco que lhe impõe tão severa pena, que tu pobre mancebo não tens condições de suportar.

Teus olhos imersos em lágrimas, vislumbram o céu na esperança que os deuses possam te ouvir, e não tenhas que baixar-te ante teus inimigos.

Lembra-te, no dia em que caminhastes na relva verde e macia com teu grande amor. Nunca poderias imaginar que ela, tua grande amada, debaixo da alcova que acolhestes teu cansado corpo , pudesse hoje ser o cárcere que encerra-te e lhe dá a guarida impiedosa e mordaz.

Como um peregrino, buscastes saciar-te sua volúpia no mais intenso ardor das busca de teus oníricos anseios. Mas viestes da plebe e dela não consegues livrar-te, mesmo que coberto e adornado de pedras preciosas. Não consegues deixar que nos lúgubres corredores do tempo tua história, se é que hoje no patíbulo consegues lembrar que tens uma , mas não te culpes e não coloques sobre tua fronte a coroa de espinhos que dará a plena certeza de que és inocente. Muitos antes de ti, provaram o gosto amargo e indolente da decepção e da desilusão que faz homens serem meninos sequiosos e esperançosos de receber apenas um doce, e deliciar se dele.

A aurora da vida é como promessa de esperanças e hoje, você pobre mancebo, só podes chorar para arrepender-se de não ter tentado e lutado em busca de teus sonhos. Hoje estás alquebrado pelo tempo que te consome, como a ferrugem consome a ferragem do barco encalhado em uma praia deserta. Não adiantas agora chorar, pois tuas lágrimas cairão no solo seco e desaparecerá, mas em teu último soluço, em teu último olhar , você ainda verá seu belo rosto e o sorriso que te encantastes e te levou a sua ruína.

Gilmar julho 2004