Piaba

Dia desses um amigo me levou para o Mercado da Encruzilhada, aqui em Recife. Fazia quase um ano que não ia lá. Depois que saí do Espinheiro, que fica perto do Mercado, só pinto no pedaço raramente. Sinto muita falta, nele me sinto no interior, e eu sou um matuto assumido, um matuto do beição, com muito orgulho.

Pois bem, para minha surpresa o amigo tinha encomendado um tacho de piabas torradas com uma travessa de farofa com coentro e cebolinha. Além disso arrumou uma garr4afa de Pitu antiga, daquelas que a ficha está enferrujada. Uma maravilha. Conseguiu em Arcoverde. Tomamos a garrafa de pitu comendo as piabinhas e a farofinha e, claro, rebatendo com algumas garrafas de Miss Verão. Um manjar dos deuses.

Lembramos o tempo que pescávamos piabas no Rio da Rua Velha em ASrcoverde, tinha mais lama que água, mas apareciam as piabinhas, colocávamos num saco e levávamos para a casa de um dos "pescadores" que morava pertinho, lá a mãe dele torrava as piabas numa lata vazia de doce Peixe, e a gente tomava uma meiota de Serra Grande tirando o gosto com piaba torrada, e um deles se acompanhando com uma caixa de fósforo cantava duas músicas, "Negue" e "A volta do boêmio". Não faz muito tempo não, somente uns 50 anos ou mais. O tempo passa rápido, mas ficam as saudades. Elas são imortais.

E piaba, hermanos, tem o gosto do passado. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 16/12/2015
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