DESPEDINDO DA EUROPA



Quando minha filha me passou o roteiro de viajem, fiquei um tanto apreensivo, e cheguei a comentar que seria tempo demais para eu deixar meu trabalho e passar quinze dias fora de casa. Mas aproximando à hora de retornar ao Brasil, percebi que quinze dias, aliás, foram dezessete, foi muito pouco, poderia ser quinze dias sim, mas em cada cidade. Dois dias não foram suficientes, apenas para o museu do prado seria necessário talvez uma semana.
O Museu Nacional do Prado é um dos mais importantes da Espanha e do mundo. Junto com o Museu Thyssen-Bornemisza e o Museu Rainha Sofia forma o "triângulo da arte", em Madri.
Inaugurado em 1819, o museu foi construído pela monarquia espanhola que desejava ver, na capital do país, símbolos do progresso que tomava conta da Europa. A área do Passeio do Prado é arborizada e cercada por fontes como a das Cibeles, a de Apolo e a de Netuno, todas inspiradas em temas clássicos, assim como o edifício, de estilo neoclássico.
A construção e as obras que ela abriga sobreviveram sem grandes danos à invasão de Napoleão (que o utilizou como estrebaria e quartel general), à Guerra Civil Espanhola e à Segunda Guerra Mundial.
Atualmente o acervo do museu é composto por mais de 17 mil obras de arte e os dois artistas mais bem representados pela instituição são Velázquez e Goya. O Prado possui a mais importante coleção de arte espanhola do mundo, seguida em importância por sua coleção de arte italiana e flamenga.
É possível realizar uma visita virtual pelo museu, que disponibiliza gratuitamente mais de 2.000 obras em alta resolução. A iniciativa é única no mundo e a intenção é que ao longo do tempo esse número seja ampliado cada vez mais para agregar o acervo completo da instituição.
A construção do prédio data do final do século 18 quando Carlos 3º, rei da Espanha, fez planos para transformar Madri numa capital bela e moderna. Em 1785 ele ordenou a Juan Villanueva, arquiteto real e um dos mais célebres ícones do estilo neoclássico na península ibérica, que projetasse um edifício no Prado de São Jerônimo para abrigar o Gabinete de História Natural e a Academia de Ciências.
O Museu do Prado só foi inaugurado 34 anos depois. O atraso se deu, entre outros contratempos, em função da invasão da Espanha por Napoleão, em 1808. Os franceses invadiram o prédio, que já estava com o exterior concluído, e o utilizaram como estrebaria da Cavalaria Napoleônica e quartel.
O acervo espanhol também não escapou dos saques: a Comissão Imperial de Sequestros de Napoleão enviou a Paris 50 quadros confiscados de personalidades espanholas e partidários de Fernando 7º, então rei da Espanha. Os espanhóis também saquearam o prédio depois da expulsão dos franceses. Precisavam de material para reconstruir as casas danificadas no conflito.
Com o passar do tempo, a finalidade do edifício foi alterada. Fernando 7º, neto de Carlos 3º, foi incentivado pela rainha Maria Isabel de Bragança, sua esposa e grande amante das artes, a destinar o prédio para a criação de um Museu Real de Pintura e Escultura.
A inauguração foi realizada em 19 de novembro de 1819 com 311 obras expostas e mais de 1.500 no acervo, que foi formado a partir das coleções dos monarcas e nobres espanhóis.
Com o fim da monarquia dos Bourbon, em 1868, e a expulsão da Rainha Isabel 2ª, os bens da coroa espanhola foram nacionalizados e o museu assumiu seu nome definitivo: Museu Nacional do Prado.
Tanto a coleção como o número de visitantes do Prado cresceram muito nos séculos 19 e 20. Por essa razão, o prédio foi submetido a sucessivas ampliações e o edifício original, Villanueva, incorporou o Casarão do Bom Retiro e o Palácio do Bom Retiro, que desde 1841 funcionava como Museu do Exército.
Desde 2003 o Museu recebe mais de dois milhões de visitantes todos os anos. Seu acervo atual é composto por 7.600 pinturas, mil esculturas, 2.400 gravuras e 6.300 desenhos, além de um grande número de documentos históricos e artigos decorativos. Pouco menos de mil peças são exibidas no Prado e cerca de 3.100 estão emprestadas para diversos museus e instituições de todo o mundo.

AS OBRAS:
O Museu do Prado tem a mais importante coleção de arte espanhola do mundo. São mais de 4.600 pinturas que datam desde o período romanesco até o século 19. Francisco Goya y Lucientes (1746-1828) e Diego Rodríguez de Silva y Velázquez (1599-1660) são os artistas mais bem representados no acervo do Prado.
Cerca de 50 pinturas de Velázquez, incluindo as suas maiores obras-primas, fazem parte da coleção do Museu. "As Meninas", o quadro mais famoso do pintor, retratam a infanta Margarida Teresa de Habsburgo, filha de Filipe 4º, acompanhada por suas damas de companhia, uma anã e uma criança que mexe com um cão. O curioso é que Velázquez fez seu autorretrato no canto esquerdo do quadro, que hoje é um dos mais concorridos nos corredores do Prado.
A coleção de Goyas do Museu também é muito rica. São mais de 140 pinturas que permitem acompanhar a evolução do artista começando por quadros claros, passando pelo intenso contraste entre o claro e o escuro e terminando numa fase mais escura, com as chamadas "pinturas negras". Goya realizou essa série de 14 pinturas de temas sombrios nas paredes de uma sala de sua casa e elas foram transferidas para o Prado preservando a sua disposição original.
Também fazem parte da coleção os sensuais quadros "A Maja Nua" e "A Maja Vestida" e obras da fase política de Goya como "Os Fuzilamentos de Três de Maio", que retrata o massacre de espanhóis pelo exército de Napoleão.
As imagens dramáticas e escuras de Goya foram referência para os pintores expressionistas e surrealistas, assim como as obras de Hieronymus Bosch (1450-1516), pintor flamengo cujo quadro mais famoso, "O Jardim das Delícias", está exposto no Prado. Bosch, que era conhecido como "El Bosco", é um dos destaques da coleção flamenga que inclui Peter Paul Rubens, Van Diyck, Van der Weyden, Rembrandt e Jan Breughel.
A escola italiana está representada por grandes obras de Fra Angelico, Rafael, Tintoretto, Bellini, Ticiano e Caravaggio.

(Foto arquivo pessoal março de 2015)

 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 22/12/2015
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