ME DÁ UM ABRAÇO POR FAVOR
Crônica de:
Flávio Cavalcante

     Então é Natal. Aliás, passou o natal e o ano novo também. Estamos indo para o carnaval. No meu ponto de vista Dezembro é o mês de uma confraternização hipócrita, onde a falsidade muitas vezes chega ao cúmulo do ridículo. Parece que a tradição exige dar uma satisfação à sociedade para deixar bem claro que está tudo bem, que todos se amam, se querem bem e abraçar uns aos outros tem que ser quase uma obrigação pelo menos naquele momento que para muitos deixa de ser um momento de confraternização para ser uma momento crucial na própria vida. A hipocrisia chega a tal ponto que o próprio momento pede favor de abraçar até pessoas que não compartilham de uma amizade. Será que isso é confraternização de fato? Onde está o espírito de Deus conforme é tentado passar a mensagem nessa época?
 
     O comércio vende desesperadamente. Parece que o mundo vai se acabar em presentes. A obrigação de dar presentes na confraternização é quase que uma imposição. Existem lugares que até a forma de se vestir pode virar notícia em pleno momento que só deveria ter a preocupação de celebrar o amor e nascimento do menino santo.
 
     Não acontecia isto em tempos de outrora e se via realmente um significado especial do Natal. O respeito pela comemoração do nascimento do menino Jesus era geral. As pessoas se confraternizavam de fato sem interesse algum no que o outro pudesse oferecer de material. O ar que se respirava trazia aquela sensação gostosa de estarmos diante de um momento todo especial. O aspecto parecia ter cheiro e cor. Quase não existia televisão, para instigar o desejo das pessoas consumistas a enxergar que a época significava consumismo á ponto de comer como se o mundo fosse se acabar em fome no dia seguinte, dar presentes e receber fazendo-as esquecer do verdadeiro significado dessa época tão importante.
 
     As pessoas da atualidade não entendem isso de fato. Só quem teve a oportunidade de viver uma época assim é que sabe com veemência do tema abordado.
 
     Este ano quase não vi enfeites nas ruas. Aliás, posso confessar que se não fossem algumas pessoas que me lembrassem, certamente iria passar batido. Se continuar assim daqui mais alguns anos, a festa natalina vai ficar só na memória de alguns lunáticos que realmente sentem saudades de uma confraternização em família.
 
     Outra opinião pessoal minha, é que estamos vivendo uma crise de valores moral, cultural e intelectual. Enquanto o mundo não acordar para pormos os pés no chão e vivermos de fato a realidade que está bem diante dos nossos olhos, vai ser difícil segurar e principalmente saber o que vamos enxergar a dois palmos diante do nosso nariz e em tempos breves. O mundo parece estar voltando para a idade da pedra. Não seja novidade em tempos futuros, termos que arrumar uma forma de voltar a descobrir como se faz fogo e o abraço realmente nesse patamar vai ter um amplo significado cruel refletido na dor ou no prazer e as pessoas vão sentir falta do real valor que tem um abraço.
 
ESTAMOS INDO DE MAL Á PIOR
 
Flávio Cavalcante
Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 16/01/2016
Reeditado em 17/01/2016
Código do texto: T5513171
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