Valores humanos à vista



Quando alcancei a esquina com a rua principal, precisava ainda atravessar para chegar ao meu destino , no entanto, parei!!!não só porque teria que aguardar o sinal , também porque uma correria me chamou atenção.

Surpresa, não acreditava no que via. A cena naõ era lá para os risos, mas ao mesmo tempo muito divertida. incrédula, consegui falar para mim mesma, “eu não acredito”... não acredito no que os meus olhos veem... e enquanto isso à minha volta cada vez mais paravam transeuntes também a querer entender o que se passava de verdade nos céus daquele momento, onde cédulas circulavam pelos ares.

Como expectadores ficamos alí, a visualizar a cena do outros lado da rua. e enquanto isso, a apreciar mesmo a curta distância , o desenrolar da cena , sem que entendêssemos ou pudéssemos chegar até ao local ou até ao personagem central da história se é que havia.

Ora, do outro lado da rua , no meu dito destino, acontecia um fato extraordinário
Não, é verdade, aconteceu alguns dias atrás... como anunciado pelos meteorologistas, o tempo estava virando e naquela tarde, uma frente fria chegava acompanhada de uma forte rajada de ventos... uma ventania em cujo processar envolveu uma senhorinha que vou denominar D Maria, logo, havia mesmo uma personagem central .

Avistei D Maria!... o fato foi surpreendente , rápido, comovente e até divertido no sentido da correria de todos para tentar ajudar...

Ela estava alí, em meio a um redemoinho a gritar , gesticular , pedir socorro pelo seu dinheiro que levantava voo das suas mãos para ganhar os céus, a rua afora em diversas direções... embarcado, ficou o dinheiro a voar pelo chão, pelos ares, a chamar a atenção de quem passava.

D Maria, atônita, em meio ao vendaval , não sabia o que fazer e no desespero só gritava, “meu dinheiro”, meu dinheiro” ... e rodopiando pedia ajuda aos transeuntes que, em rítmo acelerado de compromissos,porém alí comovidos, eram sensibilizados pela cena a se entregar àquela busca acelerada com o objetivo de ajudar...

Com mais velocidade e riscos às suas próprias vidas saíram os transeuntes em busca das cédulas (perdidas?) em diversos valores em meio à adversidade dos fortes ventos por diversos cantos daquele pedaço de rua movimentadíssima, sem tempo para questionar se por um acaso aquilo tudo não seria uma armação de alguém.

Então consegui entender o que realmente se passava e, também a acreditar na realidade daquele fato onde a missão era realmente colaborar, tentar recolher , trazer de volta às mãos da citada senhorinha , "o dinheiro voador" como se...perdido estivesse, mas como se ela fosse merecedora daquele sacrifício.Foram muitas as adesões em todas as idades.

Aquele pedacinho da rua ficou com ares frenéticos. as esquinas e portas de estabelecimentos superlotaram. era a torcida para os que aderiram á causa, afinal, todos curiosos ao desfecho do pedido da d Maria e torcendo por um final feliz.

vi pessoas a correr em meio ao trânsito em movimento, pessoas parando carro para pegar notas embaixo do mesmo. Houve até quem de dentro do carro esticasse a mão no afã de alcançar alguma daquelas voadoras... houve quem desse saltos olímpicos para salvar o vil papel e até quem tentasse administrar toda a situação como se a reger uma orquestra com a música de como recuperar o dinheiro com o refrão em dicas... também aqueles que ficaram junto a senhorinha para um apoio, a dizer aquela velha cantiga “calma, calma, “tudo vai dar certo”.... Detalhe, grande detalhe, todos correndo de bom humor e com sorriso largo no rosto,mesmo a considerar que todos se empenhavam naquela imprevista situação com alto risco.Houve malabarismos para o resgate.

E você acredita? Tudo deu realmente certo! foi uma cena solidária. O dinheiro foi todo recuperado. Surpreendente, em contexto de violência e indiferença assustadoras onde a falta de respeito para com o próximo parece dá o seu tom maior, viver esse momento de ativa solidariedade foi como se gotas de esperança a colorir, a enfeitar, a preencher a nossa tarde.

Não, não foi armação!O vento continuou, mas ver em meio a esse vendaval a carinha da senhora a receber em parcelas e das mãos de desconhecidos o seu dinheiro de volta , foi por demais gratificante.

Ver o empenho de todos a tentar e conseguir recuperar o suor do rosto da idosa D Maria me fez pensar que o mundo não está tão mal assim como parece... que ainda existe muita gente boa , ativa no bem , em colaborar e influenciar boas ações, em prol do próximo, por um mundo mais humano.

Ajudar, se colocar no lugar do outro em circunstância tão fora do comum assim foi lição, mensagem de fé e esperança mesmo em um mundo carregado de desconfianças e insegurança.
É verdade não existem barreiras quando se tem boa vontade...

Vivenciar esta cena de rua me leva a crer que nem tudo está perdido. Tem muita gente boa neste mundo, você acredita? Assim o bem vem desde o sempre a vencer esta velha e sempre nova guerra onde o mal parece, mas não e, o grande vencedor .

Acreditem, vendaval em ação, todos se recompondo... e seguiram, cada um o seu destino, com o acréscimo ddesta boa ação na bagagem. É vida que segue... na busca do dinheiro perdido a manifestação natural da solidariedade humana, também encontrada.

Cristin
Fotografia: Cristin
Rio de Janeiro, 29 de novembro de 2016
Texto sem revisão

 
Cristin
Enviado por Cristin em 29/01/2016
Reeditado em 21/11/2020
Código do texto: T5526670
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