Acerca da reencarnação
 
Há pouco, andando na praia, vendo pessoas descontraídas e aparentemente felizes, dei-me conta de que estamos em 31 de janeiro, a uma ou duas semanas do fim da temporada de praia propriamente dita. Após o carnaval, a volta às aulas dá o sinal.
 
Ocorreu-me que o verão é comparável à encarnação dos espíritos. Representa o auge da vida aqui neste plano. Depois vem o outono, folhas mortas desprendendo-se das árvores, forrando as calçadas. É o desencarne. Em seguida, um longo período de hibernação, que pode durar anos, décadas, séculos, até a preparação para uma nova oportunidade de progresso espiritual. A primavera, a concepção e a gestação em algum ventre acolhedor. E finalmente nova etapa para saldar débitos e usufruir os créditos assentados no livro da eternidade.
 
Quando tantas encarnações se cumprirem para o objetivo final, que é o alcance do progresso pleno, não será mais necessário voltar na posse temporária de um corpo. Meu pai não será mais meu pai, minha mãe deixará de ser minha mãe; ambos serão apenas meus irmãos. Não haverá mais sede, nem fome, nem paixões. Somente o amor, aquele do puríssimo espírito que Deus mandou como modelo único e que costumamos chamar de Jesus.
 
Uso citar como exemplos de espíritos absolvidos de novas reencarnações o Papa João Paulo II, a Dra. Zilda Arns e o médium Chico Xavier. Há muitos mais. Muitos.
 
Cada espírito, entretanto, recebe a missão de ajudar no progresso os irmãos encarnados, conforme sua aptidão, quiçá escolha própria, com a permissão do Pai Eterno. Ou então de amenizar o sofrimento desses irmãos nas mais variadas circunstâncias da vida terrena, como aqueles três ou quatro, cujos vultos de branco eu vislumbrei no hospital, em torno do leito do meu sogro anos atrás.
 
Ao sentir tão tranquilas presenças, desliguei a televisão, apaguei as luzes e na penumbra do quarto pedi a eles que se a missão do irmão ali padecente já estivesse cumprida, que então o auxiliassem na passagem para o outro plano sem sofrimento, ou com o mínimo possível, segundo o bem e a conduta que por aqui ele havia praticado.
 
Lá pelas 23 horas, meu cunhado veio me substituir para passar a noite com o pai. Ainda no início da madrugada, o telefone tocou em casa. Era meu cunhado avisando que se surpreendeu ao se deparar repentinamente com meu sogro totalmente imóvel, em aparente, mas improvável, sono profundo. Chamou as enfermeiras e foi então constatada a passagem. Não houve agonia nem debatimento. Partiu, como disse com suas próprias palavras serenamente o seu filho, em paz.


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N. do A. – Na ilustração, Bênção de Cristo de Giovanni Bellini (Itália, 1430-1516).
João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 31/01/2016
Reeditado em 10/05/2021
Código do texto: T5529046
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