Sonho de outrora

Oi...

Hoje eu tive um sonho agradável, agradabilíssimo, como dizia e diz ainda meu caro José Dias, o agregado.

Estive agora pensando em preencher um grande texto, desses que cobrem várias folhas, mas não me vem mais a necessidade.

Um pouco dito já fica suficiente pra não deixar esse momento voar com os meses e os anos.

Se lês, me conheces ou o queres: te deixo uma fagulha de biografia em forma de relato de sonho.

Sem muitas complicações, é desejo meu começar logo a narração porque já não é desejo que algo venha a ser esquecido.

Os sonhos são artísticos e merecem o tempo que destinamos a retomá-los depois que são finalizados. Tal é o compromisso de enfatizar este momento que o texto já o deixo desde agora salvo e registrado. Um bom homem, e inteligente, não deve confiar somente à memória as confissões que lhe emocionam. Nunca se concluiu tamanho fracasso quanto ao que o esquecimento precoce traz à porta de alguém. Tampouco se encontrou já algum desvio tão grande de propósito quanto esta narração que se faz cada vez mais filosofia e menos história.

O sonho, pode já não ser tão interessante como de outrora, me está escapando dos olhos;o dia já correu e nada se realizou senão escrever, e com atraso. Me chamou num dia de sol alaranjado, brilhante e quente. Eu tinha um propósito pra não me levantar. Quinze minutos me seriam a introdução do dia que ainda nem levantei pra ver.

Tão raro é o sentimento que já o enxergo transparente. Em tempos tão atuais, um sorriso nunca representou tanto; muito menos alguém se fez tão presente e vivo.

Eu me preparei para isso. Venho me mantendo "lontano" pra deixar que a poesia me chame sem interferência de terceiros. O motivo era outro, mas, se faz bem escrever e enfeitar, não faz mal inventar um pouco, desde que nada grave.

Eu, que tenho um amigo novo e New, não deveria permitir que me tivesse invadido o sonho, mas ele era tão convicto e eu tão forte, decidido e fiel a mim. Não exigia nada de ninguém, me trariam flores quem e quando quisessem. Não seriam sempre tão bem-vindas e melhor assim. Estive a dizer que os dias passavam tão rápido e disse: ele me ouviu e isso sugeriu-lhe uma reaproximação, mas não pude dar-lhe este foco porque o momento não tinha espaço pra um terceiro personagem.

"Dias rápidos" era sinal de vida bem vivida e mal calculada. Não se deve repousar eternamente à espera de um parecer que não porta consigo liberdade nem alívio nenhum. Nem segurança, nem conforto, nem nada. Um parecer longe de todo o meu consentimento.

Longe, por acréscimo, minha disposição, minha atenção pra aquele momento em que eu dizia a X e era respondido por Y. Deixei como conselho pouco tempo faz que a matemática das relações afetivas é, sem dúvidas, uma das mais complicadas. Mas não façamos, agora, cálculo algum. Venhamos desmedidos e assimétricos, como os sonhos.

Pude observar um rapaz que não me pertencia falar que era, visto que não pertencia tampouco era. Não digo ser um rapaz jovial, New, mas era novidade e deslumbre puro. Nada mais me chamava senão o brilho exterior que veio se desprendendo com a presença, o agir e o acompanhar. Talvez eu fosse um motivo de procura, de aproximação, de reaparecimento. Gravei que os dias passavam rápido mas demorava tanto a hora dell'appunto.

Não preciso respeitar tempo nem lineamento dos fatos porque o sonho dá à gente, sim!, a liberdade de brincar com as cartas, de se beneficiar, mesmo sendo mau jogador de volta à realidade.

Ainda dizia as palavras com tamanha serenidade que parecia que eu as lavava, letra por letra, e as petrificava para colar no tempo e na alma de sonhador que tenho.

Um rapaz, que era novo mas não era New, fez-se mais importante que todo o resto. O cenário era a escola da adolescência, que atende pelo nome de carro, ou quase: Monsa. Como pude enxergar o ambiente se todo o reflexo vinha do que era davanti a me, quel piccolo ragazzo? Innamoramento?

Tornei a vê-lo no sonho e uma mulher quase me desviou a atenção. Estava ele à procura de mim? Dois meninos! Oh, nem sei que contas devo ainda acertar com Deus por tentar viver isso!

Um estudante perturbava com o celular, que trazia That la la la à tona, pra tentar fazer de trilha sonora, mas não a aderi porque não era o momento de escutar nada que não os corações vermelhos e cheios.

Os dias estão passando tão rápido!

Quase quis te trazer pra acordar comigo e te levar na mochila pro trabalho, "a cumprir as obrigações do ofício". Imaginei, deveras, que me estavas esperando talvez lá. Ti stavo aspettando!

Acordei, sozinho. Peter Pan pôde levar seus encantos um pouco pra si. Não pude fazê-lo porque não sou ainda um Peter.

Muito injusto. Eu poderia ver o brilho que vinha de tudo que rodeava a sua estadia. Uma luminosidade que nem mesmo o Illustrator materializa. Aliás, uma luz imaterial.

Vontade de estudar e partir. Te encontrar com outra face, em outro local, dançar por uma serata completa, sem vestidos e sem adornos...

Que importa se é exótico ou desleal? Deixe-me provar isso. O meu mundo precisa de novo dessa experiência.

Mais tarde, ainda sem perder o pensamento do sonho que tive, imaginei que me pudesse ser muito próximo, um presente hebdomadário do qual me acho um moço merecedor da contemplação.

Apareceste! Vieste com as pernas plastificadas em preto e o tronco em vermelho, mas não plastificado.

Eri tu!

Eu poderia retomar o devaneio ou cancelá-lo, sendo esperançoso ou hipócrita. Não me façam decidir porque nenhuma decisão me vem unânime de todos os meus votos.

Porém, votei que sim: eras tu!

Não queiras considerar isto nada místico! A sua presença era real e todos poderiam notá-lá. Como faço pra esconder o teu nome dentre estas palavras? Estão todas tão descobertas e sinceras! Tenho fé de que tamanha libertinagem não me expõe a nenhum perigo! Pronto, dito!

Venha-me de novo, amorevolezza.

Se preferes, venha-me diferente: ainda não te desenhei tão perfeitamente. Outras quintas-feiras podem te trazer ainda mais real que esta. Não estou preparado mas estou disposto a abrir um pequeno espaço para toda a sua presença na minha vida longe dos sonhos!

Renadson - 05 de março de 2015

Crônica sobre um sonho que se materializou, de certa forma, no mesmo dia.

01:27 am.

Aguardo retomada irradiante.

Andiamo a letto!

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ANÁLISE DO AUTOR:

# Modo objetivo:

* Linguagem complicada com alguns trechos em italiano, o que foi de grande necessidade para a exposição real dos sentimentos.

* Deslineamento de ideias e desrespeito à cronologia.

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# Modo subjetivo:

* Grande sentimentalismo transferido às palavras

* Desejo do eu lírico de se apaixonar posteriormente ao sonho que teve

* Rebusca da sensibilidade

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# Dedicatória:

Dedicado a mim e ao melhor que eu posso ser. Dedicado ao amor que se espera e procura sem cessar.

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# Créditos:

É verdade que, se digo que acordei cheio de sonhos e desejos bons movidos pela emoção, realmente os tive.

Renadson Augusto
Enviado por Renadson Augusto em 02/02/2016
Reeditado em 16/02/2016
Código do texto: T5531232
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