A BUSCA

Desde que me entendo por gente, tenho contemplado a correria do ser humano em busca de sucesso e edificação. Esta busca incessante pelo próximo degrau se manifesta já em tenra idade, tendo seu primeiro sinal na disputa pelo espaço e pelos brinquedos.

Durante a infância, esta busca continuará acontecendo, nos primeiros anos escolares pelo destaque na turma; no convívio familiar pela preferência do amor dos pais, etc...

Já na adolescência, com a visão de mundo e o entendimento ampliados, esta busca se refina, e se manifesta na satisfação de desejos materiais e carnais como por exemplo, tipos de roupa, bens móveis ( bicicletas, celulares, tablets, computadores ), novos círculos de amizade e novos ambientes. E mais, mesmo satisfazendo seus desejos de posse e ostentação, percebemos que entre aqueles freqüentadores deste rol de novos amigos, há ainda a preocupação com o destaque, em portar, vestir e freqüentar, sempre melhor que os demais.

O que dizer então, do momento maior, quando o indivíduo alcança a maioridade, e agora “pseudo-independente” almeja o horizonte, intentando vôos mais altos ? Os melhores carros, as melhores motos, as melhores roupas, são só o começo de uma longa lista, onde se encontram também incluídos, os melhores parceiros(as), as melhores faculdades, o melhor emprego, que por si só também gerará o maior e melhor salário, e por aí vai, sempre buscando estar a frente, um degrau acima.

O engraçado, é que essa busca desenfreada se dá, sem a preocupação legítima de alicerçamento e devido preparo, sem os quais, nada do que se conquistou e alcançou se manterá. Se esquecem, de que tudo tem um preço, e que ele deve ser pago, e é exatamente nesta hora, “do equilibrar da balança”, que muitos se perdem.

Na busca pela ostentação, culminam por conhecer o caminho da facilidade e do imediatismo, e que no final cobra um preço muito mais caro por tudo.

Há aqueles que cedem ao tráfico, a prostituição, ao roubo, ao furto, ou seja, cedem a ilicitude, como meio de acelerar o tempo de materialização de seus anseios.

“Há um tempo para tudo e para todos há um tempo”, não podemos nos permitir ceder a ansiedade do consumismo, e objetar dispor daquilo que não alcançam nossas mãos. Muitas são, as conseqüências derivadas deste querer ter desesperado, e maior ainda, é o número dos que, por causa deste sentimento danoso, se esvaem, ficando a beira do caminho.

Cada fase de nossa vida é importante, doce e agradável, e precisa ser curtida, apreciada, mesmo as mais difíceis. Todos os minutos e momentos tem seu valor ímpar, e não acontecerão duas vezes. Cada estágio, cada luta, cada passo, cada curva, tem sua razão e seu porquê.

Vem-me agora a memória, uma certa ilustração, que discorre sobre um jovem observando um casulo de borboleta. Segundo a mesma, dentro deste casulo, bem fechadinho, se encontrava um inseto, que como nós, busca evoluir, e assim se encontrava ali, em plena fase de transformação e mudança. Em certo momento, o casulo começou a romper e um ser, diferente do que inicialmente ali se alojou, intentou emergir dentre aquele emaranhado. O jovem que o observava, achando por tamanho o esforço empreendido pelo inseto, bem como demorada a sua saída rumo a liberdade, achou por bem ajudá-lo, e tomando o casulo em suas mãos rasgou-o, libertando desta forma um ser disforme e frágil, com perna e asas alquebradas. Espantado com aquela visão grotesca e disforme da realidade por ele esperada, viu aquele ser viver apenas alguns minutos e logo depois perecer.

Conclusão, o esforço desprendido pela borboleta ao se livrar do casulo, é o que fortalece seu corpo, suas asas e novos membros. Totalmente modificada, agora um degrau acima na escala da evolução, ela precisa aprender sobre si mesma e entender o seu novo momento e o seu “novo eu”, pois só assim ela poderá desfrutar de tudo aquilo que lhe foi ofertado e concedido.

Da mesma forma, o ser humano deve desprender um esforço, pagar um preço para obter o sucesso, pois nada vem de graça, mas sim como resultado de uma projeção e investimento anterior.

Não se esqueçam, as rosas são lindas, coloridas, cheirosas e agradam à todos, mas devemos ter em conta que para podermos desfrutar de sua beleza e formosura, foi necessário em momento anterior a este, escavar a terra, proceder ao semeio, adubar, regar, podar galhos e troncos que muitas das vezes nos ferem com seus espinhos, para depois sim, podermos colhê-las e com elas adornarmos nossas vidas.

Que estas linhas, vos ensine e incentive a se esforçar e trilhar o bom caminho com dedicação e empreendimento da boa forma, para que sua busca pelo sucesso, vos conceda êxito, alicerçado, estável e permanente.

Grande abraço à todos.

“ A melhor busca, não é pelo crescimento pessoal, mas sim a do crescimento coletivo, pois se assim procedemos, vemos e somos visto como iguais, não havendo mais, espaço para contendas, invejas e porfias.”

José Paulo Nercelhas Júnior.

Paulo Nercelhas
Enviado por Paulo Nercelhas em 08/02/2016
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