Uma mão lava a outra

Em qualquer lugar que a gente chega as pessoas falam mal dos malfeitos a nivel nacional que são alardeados pela mídia. É o assunto preferido. É natural, a mídia faz a cabeçadas pessoas e vários dos malfeitos realmente procedem.

Mas o que a mim causa surpresa - não deveria causar - é que a maioriadas pessoas não se liga e evita falar nos malfeitos locais de sua comunidade. Preferem pichar políticos e autoridades que estão a centenas de quilômetros de distância de sua terra. Por que n

não falam dos malfeitos locais? Ora, simplesmente por receio ou porter rabo preso.

Vou trocar em miúdos as comunidades écomum a troca de favores e a dependência. É aquela história: uma mão lavaa outra e asduas juntas se enxugam. É só isso, o sujeito precisa do patrão, do amigo,docomprade, do conhecido, pede o favor, obtém, e fica devedor eterno desse favor. Vai pagando em conta-gotas, voto, absolver criminoso em juri, defender o beneficiário em qualquer esquina, silenciar sobre seus malfeitos e etce coisa e tal. Alguém pode arguir que o voto é secreto, é mas o receio impede qualquer discordãncia, a mente se escraviza,a conivênciase torna eterna. E o benfeitor fica lembrando. É comoacontece na máfia.

Como é comum as pessoas gostarem deum judas para malhar, de alguém para descontaremsuas frustraçõese suas mágoas, comonão podem falar dos graúdos locais, tanto por deverfavores como por receio de retaliação, aproveitam para malhar os judas a nivel nacional. E fazem isso conversando, nos locais de trabalho,nos lartes, escrevendo, enfim, deuma maneira gerale irrestrita, mas só,repito, anível nacional, salvo raras e solitárias exceções. - É mentira, Terta? - É não, Pantaleão. Uma mão lava a outra. Corrupção só a nível nacional, localnão existe,a nossa comunidade é uma Shangrilá, uma ilha da fantasia onde inexiste a corrupção. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 12/02/2016
Código do texto: T5541041
Classificação de conteúdo: seguro