Ociosidade Mental

Tergiversando então eu vou, sobre a vida, sobre mim, sobre o tempo, sobre essa infinidade de aspectos tediosos que pairam em meus repousos e continuam a insistir nos sonhos e nos pesadelos. Na falta de uma lógica perfumada, seguem os subterfúgios esdrúxulos cheirando a azedo. Algumas evasivas e complexas teorias subjetivas vão criando ciclos de pensamentos frustrantes, e eu me perdendo, envelhecendo sem respostas.

Parte de mim é isso, a outra parte é aquilo. Certo, mas eu quero nomes, eu quero identificadores, talvez códigos de barra fornecedores de informações acerca desses peculiares produtos cujos preços cobrem as noites de sono, as horas vagas e não-vagas além daquele velho e resistente bom humor. As prateleiras estão cheias disso tudo, sem espaço, abarrotando as fragilidades e misturando o seco com o molhado, uma confusão sem tamanho, um caos estrutural em meu cérebro.

As caixinhas de surpresa, lindamente estruturadas, chegam cheias de maravilhosas incógnitas e nos pegam, literalmente, de surpresa. Agora sem saída, resta uma confortante solução: a de pensar, pensar e repensar; mas sobre o quê?

Anoto nos cadernos, rabisco os livros e até as bulas de remédio eu grifo, mas cadê o manual? Cadê meu contrato? Queria ao menos valer o direito de reclamar a falta de cláusula assistencial. Fico aqui – bocejando, titubeando, marejando – à mercê de hipóteses extremamente perigosas, sem seguro algum; e pior, sem sequer um porquê decente pra justificar o meu emaranhado de dúvidas, o meu ‘tudo’ que na verdade é o meu ‘nada’.