Saudades da Aurora

Este título acima dá margem para várias interpretações. Mas na verdade, a Aurora a que me refiro, não é a da minha prima que se mudou para longe e cujo nome poderia ter sido Aurora. Nem se trata da vizinha de mesmo nome que foi viajar e ainda não voltou. Nem tampouco sinto falta da Aurora Boreal e nem da Aurora Austral. Aliás, quem são mesmo essas Auroras? Ah, são as tais luzes coloridas, os fenômenos físicos que em determinadas épocas do ano, perto dos pólos se manifestam, mas que a mim não causam saudade, uma vez que não fazem parte da minha realidade. Mas deixa assim, na verdade, a aurora da qual sinto saudade, é nada mais nada menos do que dos tempos da minha meninice, da aurora da minha vida.

Apesar de sabermos que muitos dizem que o que passou deve ser esquecido, dos tempos de criança não esqueço não. Tenho certeza que da infância ninguém esquece, mesmo que tenha sido difícil. Quando me reporto para aquela época, uma sensação gostosa me invade, deixando-me absorta, relembrando daquele tempo. Um mundo cheio de ternura, de amor e fantasia. Ah, que bom seria se pudéssemos voltar à nossa infância, brincar tudo outra vez, sonhar tudo outra vez, perceber com mais consciência e clareza quão lindo era ter uma vida inteira para viver. Na verdade, para todos que hoje já crescidos, o futuro com certeza era algo muito distante, no qual nem sequer se pensava, uma vez que a vida era vivida com intensidade, baseada só no momentâneo. Brincadeiras era o que não faltava, mas nem por isso, as notas no final do mês baixavam. Tantas e mais tantas lembranças, outras mais....

Saudades daquela época eu sinto, não só por causa das brincadeiras e da vida despreocupada, mas também porque eu percebia, que o respeito e a consideração entre os habitantes do lugar existia. Muito mais amor e solidariedade do que nos tempos atuais.