CRONICA DE VELÓRIO

Não gostava de velórios, mas recentemente tenho ido a alguns e percebi o quanto eles são divertidos e disciplinam nossa conduta, sim porque, ali, naquele momento, se fores você o velado, tenha a certeza que não poderás sair sem que seja carregado e mesmo assim irás onde te levarem, ou seja, para atumba ou para o forno, dependendo da opção que fizestes quando ainda podias caminhar com as próprias pernas. O choro e as lamentações de todos os participantes” do enlace fúnebre revelam os sentimentos que nutriam por ti, ou não, como tem gente fingida nesses locais. Os parentes sempre são os que mais sofrem, principalmente se você foi rico e deixou toda sua fortuna para as instituições de caridade (hehe). Imagine seus pensamentos nesse momento e se você não estivesse morto eles certamente te matariam (hehehe). A urna funerária é outro ponto chique dos velórios, mas sua qualidade depende do poder aquisitivo do presunto. Magníficas coroas de flores são enviadas a você como ultimo manifesto de carinho, e as belas frases colocadas são como mensagens subliminares que em verdade quer te dizer,em uma única palavra: - Demorô – (hehe).

O velório é um grande reencontro, sim porque,ali você revê parentes e amigos que há muito tempo não via e a emoção é inevitável, que sempre vem precedida dos tradicionais comentários: (dos homens para as mulheres:- Menina, há quanto tempo, você está uma gata(mesmo quando a criatura citada está um caco e poderia substituir o defunto com qualidade(hehehe), (das mulheres para os homens: - Nossa, a parece que o tempo não passa para você(é, mas os cabelos caem junto com outras coisas(hehe).

Outro pormenor interessante são os bate papos, onde a vida alheia é o prato principal. O defunto? Na maioria dos comentários é “gente boa” e não merecia estar ali morto, mesmo que tenha sido um grande canalha (questão de afinidade?). O pior momento porem é quando chega a hora da despedida, a (o) viúva quer ir junto com a carcaça do morto e a vontade é tanta que num desses eventos” uma senhora debateu-se de tal maneira pelo falecido a beira da cova que acabou caindo dentro dela e ao invés de ficar lá, já que queria ir junto com o amado” aprontou o maior berreiro pedindo para ser retirada do buraco (hehe), não entendi, mas deixando de lado a parte hilária, acho que deveríamos encarar a passagem” para o outro lado de forma mais natural (como isso é difícil, né?)afinal de contas, essa é, em toda nossa existência corporal o único item que nos iguala...

Pedro

Martins

11/04/2012

Pedro Martins
Enviado por Orlando Cruz em 20/02/2016
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