Visitas

Penso que minh'alma acabou por absorver a desordem e o caos como essência maestral de sua composição. Um múltiplo emaranhado de frustrações e consequências dolosas. Mar onde o vento sobra incessante e enaltece as raras calmarias.

Afoguei aquelas borboletas habitantes do meu estômago com grandes doses de bebida barata qualquer. Poluí meus pulmões com a fumaça de um cigarro vagabundo a fim de parar de exalar amores inacabados.

Quiçá a vida seja apenas uma feliz coincidência, um tropeço na calçada que algum sádico destino venha à trilhar para nós.

Minha tridimensional falta de espiritualidade não permite-me me encantar com aquelas flores dadas em declaração de amor. Não te soa trágico que tal sentimento seja demonstrado através de algo que finda-se tão facilmente? Uma morte certeira dada em celebração à promessa vaga de uma vida... Me aprecem mais as sementes. Eu prefiro ver florescer. E isso torna-se um carma num mundo onde tão poucos apreciam um jardim.

Fecho as janelas. Fecho os olhos. Tudo o que grita é o silêncio.

De repente, pássaros gorjeiam lá fora. Ouço um bater de asas prepotente e irritante e avisto ao longe um bem-te-vi que traz em seu bico uma borboleta azul. Devo deixá-la entrar?

Gabi Lima
Enviado por Gabi Lima em 24/02/2016
Código do texto: T5554427
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.