Sonhos

Cebola. Mexer. Pitada de sal. Salsinha. Mexer. Como um convite ao paladar o cheiro começou a emanar: delicioso.

Em volta ela percebeu a bagunça familiar que gira em torno da cozinha e da comida quase pronta. Cozinhar pode ser agradável, apesar de tudo. Olhou pela janela e lá está ele, sentado num muro baixo feito com alguns tijolos seis furos no quintal, sozinho olhando o vazio. Seus olhos encontram-se e um meio sorriso aparece em meio ao seu rosto tão pensativo, esse pequeno fato desencadeou um sorriso de orelha a orelha no rosto dela.

Com a mão, fez sinal para que viesse, porém não pode esperar até que atravessasse o quintal e foi encontrá-lo no meio do caminho:

- Porque está lá sozinho?

- Apenas pensando... Já está pronto? – Disse ele gentilmente, uma sutil mudança de assunto para não adentrar nos seus mais profundos pensamentos.

- Quase, mas acho que está bem gostoso! – o sorriso era perceptível a qualquer um num raio de 5 metros, nunca teve facilidade em esconder sentimentos.

Ao se virar para voltar à cozinha, ele puxou seu braço e segurou seu rosto com ambas às mãos, foi pega desprevenida, sem entender olhou nos seus olhos e viu a sinceridade neles, então ele disse com a voz firme:

- Nunca mais vou fazer nada besta.

Lágrimas encheram os olhos dela ao compreender a profundidade das palavras. Mais nada precisava ser dito, ela sabia exatamente do que se tratava.

Sorrio com as lágrimas indo de encontro às mãos dele, que ainda seguravam gentilmente, porém firme, seu rosto.

Fez um rápido aceno de cabeça mostrando que compreendia enquanto as palavras encontravam-se embargadas pelo choro silencioso.

Como um selo com emblema que lacra uma carta, ele se inclinou e lhe deu um beijo. Leve, gentil, doce... E assim lacrou sua promessa.

Vania Afonso
Enviado por Vania Afonso em 26/02/2016
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