Um dia de aula de Economia.

Era um semestre muito bom, fim de curso, apresentação de TCC. E, por conseguinte colação de grau e festa de formatura. Momento apreciável de felicidade.

Últimas aulas, professor entra na sala e promete dar uma excelente aula como todas que sempre deu.

Sala nunca silenciosa, sempre interativa e participante. Olhos fitos. Ouvidos apurados a cada conceito, definição e explicação.

Duvidas? Muitas, sempre restava uma fagulha de brasa que não se apagava, para não ficarmos só com suas palavras, mas que pudéssemos continuar nos aprofundando em casa naquilo que foi ensinado.

Professor entusiasmado explica sobre assuntos diversos. Política. Casa da moeda. Sistema Financeiro Nacional. Bancos comerciais. Títulos bancários.

Ate certa altura da aula, inicia-se uma sintetização dos conceitos de criação e fabricação de moeda, quando um aluno interrompe...

Professor, problema financeiro se resolve com dinheiro? – Indaga o aluno.

O professor responde que sim, e dá uma ótima explicação.

Responde o aluno: ótima explicação professor, mas penso diferente. Acredito que o dinheiro não resolve problema financeiro e colocou-se a explicar a sua opinião.

Pensemos, você é uma pessoa que está com saldo devedor com varias entidades. Sendo assim, por estar com as contas de água, luz, telefone e aluguel vencidos, você conclui: “Estou com problema financeiro, preciso de dinheiro!”.

Nesse momento, você percebe que a solução é realizar um empréstimo bancário, e faz. Pergunto, resolveu o seu problema? Claro que não. O máximo que pode ocorrer é duas mudanças: a primeira é de passar a dever para uma entidade e não mais a quatro. E a segunda mudança, aumentou seu saldo devedor, pois o banco lhe cobrou juros.

O professor ouviu essa explicação e não ficou convencido, nem a sala.

Claro, o aluno estava nervoso e não soube explicar com boa metodologia. “O importante é não escandalizar, só aos poucos que a noite escura se torna clara”.

A aula toma outra direção: “A dimensão da situação critica e emergencial do Brasil”. Foi quando outro aluno pergunta: Professor, como pode o Brasil precisar de dinheiro se tem o poder de fabricá-lo?

Caio, essa sua afirmação é de particular importância. – Responde o professor.

Vejamos, em 1955 o então presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, achou também essa, ser uma ótima ideia: "Nossos problemas acabaram, precisamos de dinheiro e temos a fabrica". Assim, emitiu mais papel-moeda para ajudar a financiar seu projeto de fazer o Brasil avançar 50 anos em cinco. Construiu Brasília, e deixou uma bela inflação para seu sucessor, Janio Quadros.

Embora cada nota de 1 real custasse só nove centavos para ser produzida, não era e não é viável fabricar mais moedas, isso seria um problema, e não uma solução. Portanto, o excesso de dinheiro em circulação eleva os preços das mercadorias e detona o equilíbrio da economia. Ou seja, fabricar dinheiro gera inflação, que é a inimiga número 1 de dez entre dez de nós economistas. "Se o segredo fosse só imprimir moeda, não haveria países pobres".

Sendo assim Gilliard, partindo deste ponto de vista, nesse caso " O problema financeiro atual de nosso país nunca se resolverá com dinheiro e sim com uma boa gestão por parte de nossos governantes". - Finaliza a aula o professor.

Devo muito aquele professor, mas pode ser chamado Reynaldo Campanatti, pois esse era seu nome.

Aula excepcional. Bom professor. Bons tempos. Boas lembranças.

Gilliard Oliveira de Souza
Enviado por Gilliard Oliveira de Souza em 26/02/2016
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