ENTRE DRINK`S E PAIXÕES

Confesso que sou uma pessoa muito apaixonada, gosto de sentir esse entusiasmo, essa alegria que a paixão nos oferece.

Quando mais jovem, queria ser do tipo mais fatal, frio, que via o campo dos relacionamentos como um grande menu, bastava escolher e pedir... no dia seguinte, novo cardápio, novos pratos.

Mas descobri que eu não era assim, batia um coração dentro do meu peito, que era como um cavalo indomado, que cavalga livre, em busca de um amor.

Mas mesmo me surpreendendo com esse tal coração, mantive a idéia do menu, e descobri que há uma interessante ligação entre meus relacionamentos e meus drinks preferidos.

Minha primeira paixão poderia muito bem ser relacionada ao drink “Alexander”, aparentemente doce, mas quanto mais eu “bebia”, mais me subia à cabeça. Me confundindo as idéias, me deixando louco com aquele gosto adocicado banhado à canela... De certa forma me iludindo com toda sua doçura, escondendo sua real face.

Mas essa paixão não durou muito, quando optei por ficar sóbrio a perder a cabeça, e ela foi substituída por uma paixão mais nacional, uma relação mais carioca, à beira-mar... uma caipirinha clássica.

O controle sempre estava nas minhas mãos, tomava mais forte, agüentado as conseqüências, ou esperava o gelo derreter diluindo seu “fogo”. Mas depois de um grande porre (uma decepção), decidi que a caipirinha não era muito a minha bebida.

A vida foi seguindo, e quando estava apenas na coca-cola... me deparei com um novo sabor...um drink mais sofisticado, mais incrementado, que me levou a lugares novos. Ele é conhecido como Sex-on-the-Beach. Tudo nele era belo, o copo, o visual, as misturas de cores, e principalmente o sabor, adorava sentir seu gosto em meus lábios. Mas notei que era uma “bebida” que não era servida em todo lugar...e com isso, terminei minha curta relação com esse novo drink.

Como um eterno apaixonado, comecei a sentir falta daquela sensação maravilhosa, e me pus a experimentar novos sabores. Nenhum descia bem, todos pareciam muito semelhantes aos que já tinham passado... alguns sem graças, outros bem mais fortes... mas nenhum de fato mexia comigo.

No caso de um viciado em álcool, eles têm o AA para recorrer, e quem sente falta de uma paixão recorre a quem???

Alguns dias atrás, bebendo com os amigos, resolvi experimentar de novo, e pedir um Martini Bianco. Sua apresentação era muito limpa, uma delicada taça, com um líquido levemente transparente, e no fundo, bem no fundo uma tentadora cereja. Com toda sua beleza, sensualidade e doçura.

Me pus a beber, aliás já estava encantado por sua aparência, e a me encantar mais com seu sabor. Leve, suave e doce, como todos as antigas paixões. Desfrutava daquele liquido até o final, e como recompensa, me deparei com a bela cereja, umedecida no álcool...

Não agüentei observá-la por muito tempo e a provei, como num sonho todas minhas expectativas se tornaram reais. Só conseguia pensar em paixões, amores e em sexo... a cada mordida me sentia mais provocado por aqueles sentimentos.

Quando voltei para casa, já um pouco alto, notei essa ligação entre minhas paixões e os drinks.

Infelizmente ainda não tenho essa pessoa para relacionar ao Martini... mas espero que seja tão suave, atraente, intrigante como sua taça, gostosa, saborosa, e doce como seu líquido. E seja sensual, provocadora, e atrevida como uma pequena cereja, reservando o melhor para o final.

Com isso notei uma diferença entre os drinks e as paixões... com elas, nós não devemos “beber” com moderação, pelo contrário temos que cair de cabeça, mergulhando em seus mistérios, assim como numa cereja, mergulhada em uma taça de Martini.