Terça-feira, 1/3/2016
Tão somente ilusão - Crônica
Antonio Feitosa dos Santos 
 
 
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Em observação, apontamento e conversa com homens e mulheres, ao longo de 20 anos, tento extrair o melhor e até mesmo o lado folclórico do relacionamento humano.

O macho ainda é criado para ser o garanhão, o reprodutor e o mantenedor do núcleo familiar. É assim que se vê a criação do homem no seio familiar brasileiro, principalmente entre as famílias conservadoras, embora a realidade do mundo seja outra, totalmente diferente.

A mulher, porém, venceu etapas. Era criada para ser a esposa, a mãe da prole, a “rainha do lar”, termo bem estranho, ou seja, aquela que era mantida. Felizmente hoje isso é quase um folclore; eu disse quase, porque ainda existe, embora difícil de acreditar.

Não é preciso ir longe para descobrir que essas pessoas existem. No interior e até mesmo nas grandes cidades encontram-se mulheres que falam: vou procurar alguém para cuidar de mim, como se elas precisassem disso. A mulher é tão capaz quanto o homem.

Mas também encontramos homens, e esta é a parte folclórica, que vivem a ilusão, pretensiosa, de encontrar a mulher ideal, ou seja, uma super-mulher, que satisfaça seus desejos, ilusórios, da fêmea perfeita. Não acredita? Então prestem atenção nesta leitura, vou procurar ser o mais fiel possível aos sonhos machista.

O homem em geral, busca relacionar-se com uma mulher via casamento ou não, vislumbrando-a como uma excelente mãe, uma eximia dona de casa, e uma máquina de sexo na cama. Triste constatação de quem assim pensa. Hoje essa mulher além do dom materno que a natureza lhe impôs; também trabalha em empresas públicas e privadas, contribuindo de maneira efetiva para a manutenção da vida familiar, a prosperidade organizacional e o desenvolvimento social.

Pura ilusão masculina, a de encontrar a mulher ideal, aquela que em casa o espera de sorriso no rosto, descansada da labuta diária e pronta para cair em seus braços e se deixar levar para além das nuvens. Esqueceram de dizer-lhe que o “conto da carochinha” não existe mais, hoje é pura e simples fantasia.

O mais certo é acreditar que o homem e a mulher são pessoas capazes de crescerem juntas, progredirem e sanearem os problemas advindos dessa comunhão de corpos.

”Alguém que cuide de mim”, sonhos do “mundo do faz de conta”, super-mulher? Super-homem? Ilusão da mente humana. Macho ou fêmea, não importa, o que importa é a união a superação através da compreensão, muito carinho e amor, esta é a receita para a união, homem mulher dar certo.

É com muito pesar, que descobri também o quase fim do romantismo, este anda em baixa, tanto de um lado como do outro. O charme da conquista amorosa está em derrocada. Não mais existe o fetiche da paquera, da aproximação entre duas pessoas que se dispõe para o amor.

Hoje o encontro entre pessoas que se dizem gostar é do tipo: rolo, ficar, pegar; entenda-se; pegar, levar e largar. Do tipo descartável.

É uma pena as pessoas buscarem mais o prazer, que a harmonia entre o corpo e a alma. O sentimento passou a ser contado pelos valores materiais disponíveis, e não mais pelos valores e sentimentos brotados do âmago espiritual humano.

Ouvi alguns depoimentos, que me pareceram de pessoas do “tempo das cavernas”. Em resumo: “É o homem que precisa ver tudo”. Onde está escrito, que a iniciativa precisa partir tão somente do homem, ou tão somente da mulher? Esperar que o outro faça é fácil, quem quer que seja esse outro. O difícil é se mexer, tomar a dianteira, puxar o outro para o seu lado e fazê-lo acreditar que ele também é capaz e, que ambos podem andar lado a lado.

Creio já não ter paciência nem estomago para esses tipos de argumentações. Mas há quem goste. Esses disparates ainda vão perpassar décadas.

Que o homem não leve essas ilusões ao pé da letra, e que a mulher não queira ser cuidada por ninguém, a não ser por ela mesma; até porque ela sabe, não precisa do outro para este zelo. Ambos podem conviver pacificamente, harmoniosamente, no aconchego do carinho e muito amor.

Não espere pelo outro, faça você a sua parte e esse lhe acompanhará ou ficará definitivamente para trás. E quem vai se lembrar de alguém por querer ficar aquém do horizonte? Tão somente ilusão