Ascensão e queda no reino das contradições

Seu império tornara-se vasto, proporcionalmente à sua notoriedade, riqueza, desconfiança, incomplacência e arrogância. Tornou-se difícil ou quase impossível o acesso ao temido e fulguroso déspota.

Vez em quando, aleatoriamente, por sua generosidade real, ordenava a distribuição de víveres a súditos menos abastados, e às vezes implementava políticas habitacionais e reformas sócio-espaciais extremas: expulsava a alguns considerados infiéis e assentava outros que demonstrassem fidelidade à causa real.

O seu harém, comportava mulheres de todo tipo e gosto. Era exigente quanto às suas fantasias e, não cumprí-las, poderia trazer sérias retaliações à concumbiana real e também à família desta. Assim, desde as adolescentes e ainda inexperientes odaliscas até as mais influentes, poderosas e desejadas do reino, todas deveriam manter uma postura altamente leal e compatível ao luxo, aos presentes, aos privilégios e às ameaças oferecidas gratuitamente pelo ciumento e desconfiado monarca.

De vez em quando, para demonstrar sua autoridade e poder sobre a população, e se auto-afirmar como justiçeiro e cruel, impunha duros castigos, surrando em praça pública a alguns vassalos que, de alguma maneira descumpria, mesmo que por descuido, as suas urgentes e irrevogáveis ordens.

Sempre objetivando a ampliação de seu território, e alcançando êxito, ele acabara por se sentir indestrutível. Passeava, ostentando entre a plebe miserável o seu poderio bélico, que era portado pelos seus valentes e nobres guerreiros, que, dispostos a sacrificar suas próprias vidas, observavam, atentos a todo e qualquer movimento; prontos a defender o soberano.

Com o passar dos anos, as pressões geopolíticas aumentaram, e inúmeros inimigos intentavam se apoderar de seu império. E por diversas vezes foram rechassados, expulsos e subjugados pelo seu temido e imbatível exército. Quando a alguns conseguia capturar, descarregava todo o seu sarcástico e brutal ódio: espancava, humilhava e esquartejava-os. Quando não, queimava-os vivos.

Por causa de seu invejável arsenal, e seu poderio militar bem organizado em tropas, o que dificultava o acesso ao seu castelo, ele jamais sentia-se ameaçado.

Certa manhã, ao acordar ao lado de uma de suas inúmeras princesas, deparou-se com o exército inimigo às portas. Sentiu no ar um cheiro de traição. Definitivamente, haviam delatores em seus domínios. Tentou resistir, juntamente com sua guarda real. Mas após perder vários soldados, e estando ferido, abandonou o trono, envergonhado e deixando para tras todos os seus haveres.

Agora, seu grande império está ocupado por homens do batalhão de Olaria e soldados da Força Nacional.

Existem outros "nobres" de olho no vasto reino chamado:

COMPLEXO DO ALEMÃO.

Luciano Ferreira de Cardoso
Enviado por Luciano Ferreira de Cardoso em 07/07/2007
Código do texto: T556113
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