Como se perdem perspectivas ao retornar para a rotina ou relato de viagem a Belo Horizonte

"e mais uma vez / o sonho se desfez / e eu voltei a ser quem sou..." (Mário Albanese e Cyro Pereira, interpretado por Altemar Dutra)

Final de semana atípico é como classifico os dias 30 de junho e 1° de julho. Primeiro o café da manhã caprichado e extenso que tivemos no meu local de trabalho. Nele, alguns assuntos importantes foram discutidos. Estratégias para melhorar a qualidade do serviço que a empresa oferece, ou antes, para minorar o índice de erros foram traçadas.

Mais atípica ainda foi minha tarde: dentro de um ônibus executivo, viajando para Belo Horizonte. Aproveitei para ler algumas coisas que estavam pendentes e ouvir música. Achei um máximo eles servirem café e água durante a viagem. Saltei na rodoviária às 17:15, aproximadamente. De lá dirigi-me até o Barro Preto, onde fica o Centro de Aprimoramento da Igreja de que sou membro. Estava quase vazio, sendo preparado para o fechamento, mas eu precisava passar lá para aguardar meu anfitrião. Quer dizer, ele poderia até buscar-me no local mesmo do desmbarque, mas iria demorar um pouco e preferi aguardá-lo em território conhecido. E mesmo porque, que eu me lembre, a rodoviária não tem uma televisão e eu teria de sentar e ficar à toa. Não gosto de ficar à toa.

Bom, fui até o Barro Preto e lá me encontrei com o Danny. De lá fomos para a casa dele. Recepção muito boa, gentes amigáveis. A sensação geral que tive foi de acolhida. Inclusive o pai de meu amigo fez-se muito meu amigo também, ao ponto de emprestar-me um livro. A propósito "O físico", de Noah Gordon, tem sido minha companhia nas noites em que me aventuro a ler antes de dormir. Tem sido também a leitura das noites de insônia.

Depois de eu apoiar minha mala e de fazermos as apresentações todas e trocarmos algumas palavras rápidas fomos para o aniversário do avô do Danilo. Oitenta e seis anos. É uma idade bonita e eu gosto muito do número 86, final do ano em que nasci. Também gosto do número sete.

Claro que é estranho quando a gente chega assim, de repente, na casa dos outros. Dá uma sensação de não pertencer que é meio incômoda, mas mesmo essa sensação, se a tive, foi momentânea. Conversei com algumas pessoas sobre variados assuntos, me enriqueci um pouco nesses contatos.

No domingo, levantei relativamente cedo, por volta de 08:30h. Depois de um café com leite com pão de queijo (mais mineiro que isso impossível...), um banho rápido e envio de notícias para casa, saímos para encontrar com alguns amigos de meu anfitrião na cidade. Nenhum deles estava nos locais marcados, mas pra mim valeu ter saído, pois conheci mais um pouco a capital... Quando chegamos à casa novamente, algumas pessoas já estavam lá. Estava tendo um churrasco. Esqueci de dizer que o objetivo de minha viagem era justamente participar dele.

Retornei para Juiz de Fora no final da tarde e foi por graça de Deus que embarquei. Explico: o papo estava tão bom em Santa Cruz que perdi a noção da hora. Saí sob protestos e cheguei à rodoviária atrasado. Embarquei no horário seguinte.

Começa então a parte substancial desse texto, a parte que se coaduna com o título e a epígrafe: o retorno para casa. A viagem foi tranqüila. Ônibus parador.

Em Barbacena, apenas dois chocolates para tirar o gosto excessivo de carne da boca. Olhando para o lado de fora, muita e intensa brancura envolvendo a paisagem. Frio. E então que atinei que estava retornando para casa e que, pouco a pouco, a rotina se apossava de mim. Essa correria nossa de cada dia, as tantas coisas por fazer, ser e dizer. Tudo isso que ao me sugar, paradoxalmente me deixa vivo.

Agora, só me resta aguardar outra ocasião para uma mudança de ares. Quem sabe uma ida ao Rio para conhecer uma certa amiga e criadora de nome Babi?