“Cherchez La femme” ou “follow the money?”

Ontem, 08 de março de 2016, dia Internacional da Mulher, lembrou-me que os meios de comunicação as têm ignorado solenemente. Quase não merecem atenção, exceto para serem exibidas como ‘mulher objeto’, símbolos sexuais, despidas ou quase despidas em anúncios de qualquer coisa.

Mas no passado recente, entre nós, houve mulheres que interferiram na vida política do país. Miriam Cordeiro, por exemplo, devidamente editada pela rede Globo, derrotou Lula e elegeu Collor. Aqui mesmo, em São Paulo, Nicéa Camargo denunciou seu ex, Celso Pitta, que acabou expulso da política. E, se nos States tivemos Monica Lewinsky que – num triângulo amoroso com o presidente Clinton e um charuto – fez estremecer a maior democracia do planeta, aqui tivemos as sócias Monica Dantas e Monica Serra. Respectivamente filhas dos famigerados Daniel Dantas, banqueiro, e José Serra, político, ambas Monicas, envolvidas em negócios suspeitos, após curta presença na mídia escafederam-se sem que maiores explicações lhes fossem cobradas.

Mais recentemente ainda, reapareceu Míriam Dutra, amante do impoluto FHC, e sua irmã, funcionária fantasma do senador Serra. Elas ganharam alguma notoriedade, mas logo foram vetadas do noticiário pela toda poderosa rede Globo e sumiram de cena.

Vejam só: Três Monicas, duas Mirians e uma Nicéa. Bem, digamos que Nicéa era mesmo difícil haver mais do que uma. Monicas e Mirians são nomes mais comuns na praça.

Bem, como se sabe, nas modernas sociedades de massa, o que não tem presença na mídia, simplesmente não existe. Assim como sabe-se que ideologia é o método pelo qual a classe dominante transforma suas ideias em ideias dominantes entre todas as classes, sabe-se também que a mídia está a serviço da classe dominante ou, para ser mais explícito, serve aos interesses do capital.

Eu, particularmente, estou convencido de que as chamadas ‘reportagens investigativas’ deveriam priorizar as mulheres. Quantos textos acadêmicos de graduandos e graduandas em jornalismo poderiam ser produzidos a partir de um trabalho sério de pesquisa e entrevistas com esposas, filhas, secretárias etc. e tal, de figurões da sociedade, do empresariado e da política. E quanta coisa poderia ser descoberta ‘de verdade’. Claro que sei que a grande imprensa não tem interesse em tal coisa e, por isso mesmo, é que falei em jornalistas graduandos. Seguir o lema: Cherchez la femme, trouver l’argent. Que tal?

Não resisto a finalizar estas poucas linhas sem lembrar Groucho Marx, que sendo perguntado sobre um rumoroso caso que teve com uma diva de Hollywood, respondeu: - Toda a imprensa disse que eu tomei champagne no sapato dela. Só não souberam que ela nem tirou o sapato.