CADA UM COM SEU CADA UM

Fico pensando às vezes no porquê de enfrentarmos tantas lutas. Parece que em certos momentos todos os problemas são jogados sobre nossas costas de uma única vez.

Fica quase impossível prosseguir. Levando-se em conta que tudo tem um motivo, um porquê, qual seria então a causa de tantas dificuldades?

Com certeza existe uma razão e o que mais chama a atenção é que este fato se dá não com uma pessoa, mas com muitas e até em épocas e lugares diferentes.

Isso me leva a crer que esta razão comum não deriva de momento, situação ou local, mas do próprio eu do homem.

Vejamos assim, a seguinte ilustração:

“Em certa feita, um homem se encontrava trabalhando em um vale. Era um trabalho rotineiro, cotidiano, onde ele preparava a terra para o plantio. Esta tarefa era sempre desempenhada na companhia da solidão, pois trabalhava ele só, sem ajudantes, mesmo assim o homem se sentia feliz.

Em dado momento do dia, repentinamente, percebeu que um homem estava ao seu lado, e observava o que ele fazia.

Assustado, perguntou ao homem:

- Que,m é você ?

E o homem então lhe respondeu:

- Eu sou Deus, e já a algum tempo observo o seu trabalho e sua dedicação a ele.

- Então o Senhor só agora permitiu que eu lhe visse? Porque razão? Queres por acaso que eu lhe faça algo?

- Isso mesmo, respondeu Deus. Observaste aquela carrocinha? Gostaria que você a buscasse e colocasse sobre ela , estas três pedras que eu já separei. Depois disso, leve-as ao alto daquele monte, pois elas me servirão, e a ti também.

- Só isso? Perguntou o trabalhador, - Não quer que leve outras? Está muito leve.

- Não é necessário, respondeu-lhe o Senhor. Elas foram preparadas segundo a vossa condição e capacidade, bastando apenas que você as conduza ao monte.

Sem questionar, o homem pegou a carroça e depositou sobre ela as pedras, e satisfeito por servir ao Senhor, iniciou sua jornada.

Passado algum tempo, trilhando o caminho ordenado por Deus, o homem encontrou outro trabalhador, que semeava um campo.

Após cumprimentar-lhe aquele lhe disse:

- Amigo, você está indo na direção daquele monte? Poderia me fazer um favor? Você irá passar pela minha casa, e poderia me ajudar e levar esta saca de sementes que sobrou pra Amim? Logo escurecerá e eu preciso terminar o plantio.

O trabalhador concordou, parou a carroça e depositou também sobre ela a saca de sementes. Logo após, seguiu o seu caminho.

Já bem a tardinha, encontrou ele uma mulher, com duas latas de água atadas a uma vara, que posta em seus ombros, lhe permitia transportar a água.

Vendo o homem o esforço desprendido pela mulher, naquela tarefa, ofereceu-se para transportar na carroça as duas latas cheias de água.

A mulher agradeceu e pediu-lhe que tivesse cuidado de não entornar a água, pois se isto ocorre-se , seu trabalho seria em vão.

Percebam, que agora tinha ele o compromisso de carregar diligentemente em sua carroça, as três pedras de Deus, a saca de sementes, e as duas latas de água. Apesar do esforço ser maior, ele prosseguia.

Algumas horas mais tarde, ele chega ao pé do monte.

Parando para descansar, ouviu alguém lhe chamar, e qual não foi a sua surpresa quando ao virar-se avistou um homem caído.

- Amigo, por favor me ajude, está já escurecendo, e eu estou ferido. Meu cavalo se assustou e me derrubou, e desta forma, machuquei a perna.

O trabalhador pensou, e após algum tempo de hesitação colocou também na carroça, o ferido, intentando levá-lo consigo até que encontrasse um local para deixá-lo.

No meio da subida em direção ao monte, uma forte chuva caiu, tornando a estradinha de terra num grande lamaçal. O peso da carroça agora atolada na lama, quadruplicou, e com tamanho esforço apenas conseguiu avançar alguns metros.

Cansado, ainda tinha que se preocupar com a conservação das sementes que começavam a ficar úmidas, com as duas latas d’água que quase tombavam, além de ouvir ainda os lamentos e murmurações do ferido, que molhado e com dor, maldizia tudo e a todos.

Repentinamente, parou o homem, desgastado, arfante, agora também murmurando por tantos problemas e questionando ao próprio Deus que o enviara nesta missão.

Deus, então apareceu ao seu lado, e lhe disse :

- Calma, agora aprenderás, que a cada um, é dado segundo as suas obras, e que também a cada um é dado uma tarefa a cumprir. Mas isto é pessoal, cada um tem que fazer e cumprir a sua.

Indignado o homem questionou a Deus, se Ele sabia que tais problemas ocorreriam, no que Deus assentiu- Porque tem que ser assim?

E Deus lhe disse que não deveria acontecer tantas lutas, mas elas lhe sobrevieram porque ele permitiu e com as suas próprias mãos as buscou.

O homem que semeava levou sacas a mais para o campo desnecessariamente, com preguiça por ter de voltar para buscar outra caso faltasse. E assim findou por transferir para o servo o fardo de sua má ação.

A mulher que carregava água nas latas pesadas, assim o fazia, por não ter cuidado da carroça igual a sua e que Eu mesmo lhe dei. Com sua quebra devido ao mau uso, aquela dificuldade surgiu, e mais uma vez, transferiu-se para você, o fardo originado do desleixo de outro.

O ferido que caiu de seu cavalo, foi vítima de sua própria maldade, pois fustigou seu animal ao extremo sem necessidade, fincando-lhe as esporas, o que fez com que o cavalo se erguesse, jogando-o no chão e fugindo após isso. Sobrou desta forma para você por sua própria vontade o fardo de outro, causando-lhe sofrimento e transtorno.

Perceba meu servo, que foi você mesmo, por falta de foco em sua missão e caminho, por não vigiar, que absorveu um peso que não era seu e que não deveria carregar.

Eu sou Deus de justiça e concedo a cada um segundo as suas obras e o que plantarem, colherão.

Retire de sua carroça, tudo aquilo que não lhe pertence. Retire as sementes, as latas de água, o ferido, pois deles cuidarei Eu. Deixe apenas as três pedras, depois cumpra a tarefa que combinamos.

O home sem nada falar, obedeceu, e percebendo que a carroça ficou mais leve, prosseguiu para o alto do monte, cumprindo assim sua missão.

As três pedras que o homem carregava, representa três responsabilidades que cada um de nós, de forma igualitária temos que assumir.

Responsabilidade espiritual que é o compromisso com Deus.

Responsabilidade social, que é o compromisso com a família, com a Igreja e com as pessoas que nos cercam.

Responsabilidade Financeira, que é a de nos mantermos, e a nossa família, com o suor de nossos rostos, e a de honrar nossos compromissos.

Delas, não podemos abrir mão, e nem transferi-las para ninguém, muito menos permitir que nos sejam estas transferidas indevidamente.

Deus, deu para cada um, uma vida, para que dela desfrutássemos e também cuidássemos de forma satisfatória.

Infelizmente, o homem teima em deixar algumas vezes sua vida de lado e se intromete na dos outros. Em outras, simplesmente permite que terceiros se intrometam na sua, e esta é a razão de tantas lutas.

Não pague um preço que não compete a você pagar. Não podemos absorver mais do que podemos carregar.

Lembre-se que para tudo há um motivo, uma razão e um porquê.

Grande abraço.

Pr. Paulo Nercelhas.

Paulo Nercelhas
Enviado por Paulo Nercelhas em 11/03/2016
Código do texto: T5570892
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