ZE PINEL

Vagava aquele homem pelas ruas e ninguem sabia de onde vinha ele e nem pra onde ia. A garotada numerosa naquele tempo o perseguia gritando a plenos pulmoes:

_Ze pinel, o Ze pineu/

Ele as vezes corria atraz dos meninos ,aumentando a algazarra e seguia seu caminho, o seu destino.

O pobre diabo nas noites frias aquecia o corpo com doses de cachaça e dormia ao relento.Vestia se de andrajos e um chapeu que ja vivera dias melhores cobria lhe a cabeça.

Ze pinel, o Ze pinel/ gritou um garoto que se aproximando deu lhe um pedaço de pao, que ele mastigou com muito gosto. Bebeu de um pequeno cantil que tirou do bolso de um surrado paleto e agora conversava com o menino:

_Seu Ze, quem e o senhor?

_Eu me chamo Sebastiao, mas todos me chamam de Ze pinel.

O senhor tem familia, esposa, filhos?

Sim meu filho, mas um dia por causa de um grande desgosto, deixei tudo para tras,esposa,filhos emprego, um bom emprego.

O menino que dialogava com ele, era tambem muito pobre, mas tinha bom coraçao. Se condoeu da situaçao do pobre homem e repartiu com ele o pao que lhe mataria a fome naquele dia.

Para ganhar alguns trocados, o menino engrachava sapatos ali naquela pracinha proxima a igreja.

E voce meu jovem, quem e voce?

_Eu me chamo Juliano e tenho quinze anos. Perdi o meu pai o ano passado em uma briga de bar, assassinado por um desconhecido.

Vivo com minha mae que para nos sustentar, lava roupa pra fora e faz algumas faxinas. Eu ajudo como posso, engraxando sapatos, carregando compras para os fregueses daquele mercadinho ali do lado, de onde as vezes eles me dao algo para comer.

A tarde ia morrendo no horizonte quando os dois amigos se despediram

e foram cada um pro seu lado.

O tempo passou depois daquele encontro e o velho andarilho agora sente falta da algazarra das crianças.

Tudo e silencio naquela praça e dentro daquelas casas, os meninos agora estao as voltas com seus celulares. Ja nao se ouve mais o alarido das crianças.

O pobre velho chorou...

ANESIO SILVA
Enviado por ANESIO SILVA em 16/03/2016
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