NOSTALGIA.

Rever fatos de nossas próprias vidas leva-nos a sentir novamente as emoções vividas na época.

Ao escrever um poema, fui pondo ali parte da minha adolescência. Quase que inconscientemente fui falando da menina que fui e das descobertas da juventude. Ativei dessa forma a memória afetiva.

Sem ter a intenção, vi-me encantada por mim mesma e pelos sonhos despidos de qualquer censura que nutria.

Tinha certeza que havia superado essa saudade do passado. Às custas de muita terapia e auto-análise, vim exercendo a aceitação do presente, evitando valorizar em demasia a juventude.

Não sou saudosista. Não cultuo o passado, muito pelo contrário. Não gosto de voltar aos caminhos já percorridos. Vivi as perdas com tal intensidades que não consigo retornar.

Porém, ontem senti. Senti uma suave ternura pelas lembranças; uma nostalgia que se encontrava lá, trancada a sete chaves. Abri suavemente a porta e visualizei o que passou, romanticamente.

Talvez tenha sido terapêutico, mas parei. Continuarei, o processo. De nada adiantará chorar o que se perdeu, devo valorizar o momento atual, ainda que seja uma luta árdua contra o senso comum, a mídia, e a saudade da inocência que se foi.

As páginas em branco foram preenchidas. Acordei de sonhos bons, mas também venci pesadelos. Perdi as lentes cor-de-rosa e tenho que usar óculos, em face da vista cansada, mas adquiri sabedoria, ganhei contornos mais sólidos, sou mais segura de mim.

Realizei muitos sonhos na maturidade, descobri belezas que não enxergava, senti e sinto emoções novas. Sei muito mais do que sabia e menos do que quero aprender. Voltar por quê?

Evelyne. , 16 de julho de 2005.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 09/07/2007
Reeditado em 01/03/2010
Código do texto: T558373
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