“Posso fingir de outros, mas não posso fugir de mim”**
Sou a mais paradoxal das criaturas:
Sou corajosa por ter medo; ajo por temer a reação.
Sou introspectiva quando quero falar; eufórica quando estou triste.
Quando quero dormir, tomo café; para me espertar, suco de maracujá.
Quando quero relembrar, bebo; e para esquecer, penso.
No pior dia da semana (domingo), li um dos melhores livros: “O Livro dos Abraços”, de Eduardo Galeano, e foi então que percebia que o paradoxo é o equilíbrio que move o mundo.
Ninguém escapa.
Nem Jesus, que nasceu num deserto e tem como símbolo do dia de seu nascimento a neve.
Nem Hitler, que sendo austríaco, tornou-se o mais alemão dos alemães.
Nem Che Guevara, que depois de reprovado no exército, veio a ser um dos maiores guerrilheiros.
Nem Carlos Magno, que era analfabeto e criou a primeira grande biblioteca.
Sequer Don Quixote, que dizem dizer "Ladram, Sancho, sinal que cavalgamos", quando não o fez; nem o personagem de Humphrey Bogart em Casablanca, que não diz a lendária frase: “Play it again, Sam”.
Muito menos eu, que não gosto de ser o centro das atenções, mas só escrevo sobre mim.
Pelo menos, de Barros explica, e, quem lê, perdoa.
**Manoel de Barros