O Bilhete no Jardim

Manhã linda,domingo...tranquilo os caminhantes, com seus animais de estimação aproveitando ainda o frescor das sombras.Generosidade da natureza sombreando nosso sol...outonal.Meu cachorrinho (Zé) conduzindo-me,sim pois nos e que somos de estimação deles,eles que nos guiam.

Ao longe duas senhorinhas conversavam,naturalmente os problemas de suas solidões.Deise,Diva,já com seus (84) anos.Passando sem querer,ouvindo, alguns trechos de suas conversas.Pois obrigatoriamente tive que parar,pois Zé ficou por ali recebendo cafunes das duas.

Dize-lhes com um pedido de desculpas... por colocar-me com ditos antigos.

- "Cada qual no seu canto:Que chore seu pranto" Autor desconhecido.

Começamos a divagar sobre os assuntos oportunos...queixas.Dona Diva queixando-se que não recebia visitas,principalmente de sua filha unica...netas.Reclamava que nem suas bisnetas tão pouco havia conhecido.Pois não fora convidada para o casamento de suas netas e naturalmente quando do nascimento das bisnetas, também não.

Sua filha de minha idade (66) anos,não tem contato com a mãe... simplesmente o abandono cruel é constante...não financeiro,mas amoroso humano.Notem bem dona Diva tem meios ótimos de sobrevivência.

Contando com lágrimas em seus olhinhos meigos a solidão e a necessidade de conversar é o que mais falta, lhe faz.

Seu desespero e tão grande,que quando sai.Deixa um bilhete em seu jardim...avisando onde está.

Quando retorna seus olhos novamente nublam de lágrimas.O bilhete está exatamente no mesmo lugar.Não foi lido,pois sua filha,mais uma vez não passou...não leu o bilhete de seu desespero!!!

Terezinha Dias Rocha
Enviado por Terezinha Dias Rocha em 10/04/2016
Reeditado em 10/04/2016
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