UM PERSONAGEM QUASE INVISÍVEL

Ele surgia geralmente a noite mas não era nada assustador, apenas um pouco inconveniente. Chegava quando o meu cunhado já estava se preparando pra dormir.

Ficava batendo palmas e gritando na frente da casa:

"- PROFESSOR! PROFESSOR!"

Meu cunhado, pacientemente abria a porta e lhe preparava um lanche

O nosso personagem ía logo perguntando se havia um serviço pra ele fazer, mas o Professor respondia:

"- A esta hora não!" Volta amanhã pra aparar a grama e fazer um buraco pra enterrar o lixo pra fazer adubo pras plantas!"

Certa ocasião o Professor me revelou que o Aldori preservava a vida até das formigas e das lesmas. Que pegava estas últimas, as colocava num saco e as depositava no lixo.

Lembro de uma vez quando o encontrei, ele estava podando um arbusto. Nesse instante ele me disse:

"- Nós não percebemos mas ele está sofrendo!"

Assim era ele. Um pouco filósofo e com uma consciência ecológica quando ainda nem se falava nisso.

Passaram-se uns dias e o Aldorí sumiu.

Todos nós ficamos preocupados porque ele era muito bem quisto.

Pouco tempo depois soubemos que ele havia morrido atropelado por um ônibus no centro da cidade.

Deixou uma lição pra todos nós que é possível viver com simplicidade e com profundo amor e respeito pela natureza.

Tomara que Aldorí agora esteja dando continuidade a seu trabalho como Jardineiro na eternidade...

Gilberto Stone
Enviado por Gilberto Stone em 11/04/2016
Reeditado em 13/05/2016
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