SEPARAÇÕES

É um processo, nos relacionamentos, com começo, meio e fim. Existe, no entanto, um instante, momento congelado no tempo, em que, numa simples fração de segundo, se rompe o elo. Igual cortar cordão umbilical. Em um determinado nanosegundo o que era um, vira dois. Depois, com um periodo curativo, espera-se secar o que da relação restou. A marca, o umbigo, fica lá, pelo resto da vida. Alguns seres humanos, cada vez em maior número, conseguem passar a existência sem se dar conta dessa marca. Dá o que pensar.

Na sequência, no desespero, buscamos uma solução mágica, um “supercolatudo” qualquer. Mas, na verdade, não sabemos o que estamos fazendo. Afinal, nessa condição singela de humanos, o que sabemos fazer é adivinhar, tentar, refazer e ter esperança. Concomitantemente, a inteligência nos impulsiona, buscando adaptação. Um rala e rola esquizofrênico do medo do desconhecido com o prazer da aventura. Como escolher cd em baciada de ofertas, você fuça dentre o que sobrou e quem vem depois faz a mesma coisa. O volume é cada vez menor, os preços serão sempre aqueles e a satisfação sua em encontrar algo, não leva em conta estes fatores.

Quem consegue mapear, fotografar, registrar de alguma maneira, o instante, o exato momento, em que algo se rompe entre duas pessoas. Quem? Como? Quando? Pois continuamos a dormir juntos, procurar a mão do outro, em gestos mecânicos, que até parecem desregulados, mas ainda presentes. Não nos damos conta e levamos a coisa até a deterioração total. Esperamos apodrecer. Feder.

E se o paraíso foi antes? Útero, relação, Concha Acústica do Pacaembu, nunca mais. E, às vezes, o que vem depois beira o desastre. Vale mais o prazer da aventura, isso sim.