Os pseudoestudantes

Enquanto alguns estudantes definham-se, afogam-se, embriagam-se pelos livros, os outros fazem desfiles turísticos; à biblioteca só vão quando o docente exige, aliás, quase setenta e cinco por cento de estudantes universitários são epistemofóbicos, com atracção irracional pelos momentos de lazer e divertimentos sistemáticos. Senhores académicos que vão mais vezes à discoteca que à biblioteca: aqui a bola é que vai atrás do jogador e este foge como louco, isto é, o conhecimento persegue o estudante e ele é todo fugaz. São assim, sem escrúpulos e sem receios porque são ultra-confiantes, acomodando-se no parasitismo académico, que é infalível.

Bemǃ Sob o ponto de vista religioso, diríamos que é o diabo que está a tentar puxar para baixo! Mas numa análise um pouco mais profunda, diríamos que é a ”preguiça mental” que despoleta o deficit epistemológico e os afectados recusam-se a superar os tropeções.

Os estudantes menos dedicados são, indubitavelmente, os que estão munidos de capacidades de aquisição do conhecimento mais árduo e complexo que existe, mas não sabem que o livro é um anabolizante que, quando bem administrado, fornece a robustez intelectual, modifica a forma de pensar e de agir e constrói uma nova visão do mundo.

Aqui o professor é mágico; tenta transformar o estado cognitivo de quem não quer: os estudantes reagem cadavericamente (alguns até perece que fizeram um curso intensivo de retroceder) e o mestre tem que fazer quiromancia ou perscrutação mental a procura de dúvidas, já que eles nem sabem se as têm.

No entanto, há um punhado de estudantes com mentes requintadas e nutridas por irrepreensíveis bases epistemológicas, estudantes cujo amor pelo conhecimento flameja e a paixão derrama. Até porque, os verdadeiros estudantes sonham em ser máquinas digitais, mas não podem, porque o currículo não depende deles, e eles têm que acompanhar o ritmo dos demais.

Já não importa o conhecimento, os jovens plasmam falsas aparências só para ganhar afecto das damas que se bamboleiam constantemente para chamar atenção: entreolham-se fundo nos olhos, levam-se aos cornos da lua e acabam namoriscando nos corredores. Importa referir que senhoras casadas também não se eximem deste rol. Que miséria de espírito!

Estudantes universitários com comportamento anti-académico no final do semestre querem ter sucesso e clamam pela anti-meritocracia. Só que o sistema socorre-se da teoria de Darwin ‘’teoria de selecção natural’’ - quando o tempo dá sua última palavra os estudantes mais fortes espalham sorrisos nos corredores e os mais fracos fazem agremiações, inventam patranhas e enredos contra os docentes e criticam o sistema.

Os estudantes universitários, actualmente apresentam um comportamento muito crítico, um comportamento que se distancia das expectativas académicas (o ideal), não se preocupam em ter boas notas, não investigam; o saber é recuado para segundo plano; só se interessam em fazer o curso superior para elevar a sua categoria no sector laboral, isto é, estão lá à procura do documento para melhorar o salário e, consequentemente, a sua vida.

 

Mutxipisi
Enviado por Mutxipisi em 15/04/2016
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