CAMINHOS SEM VOLTA

“A palavra proferida,

A seta lançada,

A oportunidade perdida”!

Vejo muitos idosos em ‘abrigos’, longe dos filhos, longe dos parentes e dos amigos, com aquele olhar de desesperança. Sinto muita pena e muito constrangimento. Sinto pena dos seus parentes, dos filhos que não lhes visitam e sinto pena de mim mesmo, impotente e idoso demais para tentar mudar alguma coisa. Penso que o Planeta não tem comando. O país não tem comando, as famílias não têm comando...

Apesar de ser portador de câncer, não sou um coitado. Conheço inúmeras pessoas que sofrem dos males que acabo de mencionar. Se sou acometido do mal que a maioria não cita sequer a alcunha, eu não acho que estou no fim do mundo. Apenas tenho-o instalado em meu corpo, mesmo que um pouco adormecido. Minha alma é sadia. Com a idade avançando, com os medicamentos que ingiro diariamente para manter-me vivo, venho perdendo a memória, gradativamente. Meu físico também vai cedendo ao tempo, já que a renovação celular não obedece mais o antigo ritmo... Meus amigos, contemporâneos de infância ou morreram ou estão morrendo. Muitos já se foram mergulhados em tristeza e depressão. Sem perspectivas, uma vez que perderam alguns atributos funções físicas e se entregam ao horror da solidão que os leva à depressão. E os que continuam vivos estão doentes, com raríssimas exceções. Alguns deles perderam seus filhos em acidentes, pelas drogas, pelas doenças as mais diversas, outros assassinados barbaramente, na violência que nos atormenta vida em fora...

Apesar da idade média do brasileiro ter crescido estatisticamente, novas doenças vão surgindo para atormentar a todos. Desde a AIDS que aumenta a cada ano, principalmente atingindo os jovens incautos, que acreditam estar tal doença ‘controlada’, se vemos os nossos postos de saúde sem remédios, os hospitais sem médicos, tudo não passa de propaganda hipócrita de um governo corrupto e que prega a mentira pela mídia para enganar a população, cada dia menos assistida... Agora aparecem os vírus H1N1, depois da dengue que apareceu nos anos 1980, cujas mutações virais trouxeram a Zika e a Chicungunha. E como conseqüência, a microcefalia em bebês ainda em formação na barriga das gestantes. Sem falar nas doenças cardiovasculares, no câncer, na hepatite A, B e C, na obesidade, no diabetes e nas doenças neuropsiquiátricas, e comportamentais!

De um lado, um governo prepotente, leniente com o crime e que não cumpre seu dever básico de prestar bons serviços ao povo que o sustenta. De outro, uma população mal educada, que não se respeita, que joga lixo na porta do vizinho, que tem criadouros de mosquitos e outros insetos em sua própria casa. Que provoca incêndios criminosos e traz enormes danos ao meio-ambiente. Que caça e pesca criminosamente, que não consegue viver ‘sem levar vantagem’ e com isso, vai ensinando aos filhos a regra de como não ser honesto.

Funcionários públicos fantasmas, mesmo os que vão para o trabalho, mas cruzam os braços aguardando a hora de sair do emprego, professores que não ensinam, médicos que batem o ponto e fogem do plantão, corredores cheios de mortos-vivos, os estádios de futebol lotados e depois a violência entre torcidas, sustentadas pelos próprios clubes...

Venho notando que a nossa alardeada felicidade, a alegria de viver e a auto-estima vão-se esvaindo. As pessoas andam tristes, irritadiças, estressadas, indiferentes e até insensíveis!

Os alimentos industrializados não são convenientemente fiscalizados pelas agências de governo, lenientes com aqueles que querem ganhar fácil, mesmo que a população seja prejudicada. As agências reguladoras funcionam contra o interesse do cidadão que paga seus salários. E com raras exceções, preferem a propina em detrimento do cumprimento do dever.

Vide a portaria recente da ANATEL que, num jantar com as operadoras, ‘operou’ o consumidor através de uma portaria que limitaria os dados obtidos via internet, trazendo enormes prejuízos para a população, para a educação, para o contribuinte, apenas para que as ‘operadoras’ ganhassem bilhões de reais a mais, em detrimento do povo. Com a repercussão na mídia e o momento que o país atravessa, com o impeachment da presidente, a entidade teve que voltar atrás e cancelar a portaria, temporariamente. Se duvidar, quando tudo se acalmar, certamente vão tentar novamente. O consumidor sempre fica no prejuízo.

O outro lado da medalha é a falta de senso da população. Nas ruas, nos batemos em pessoas que carregam fios enfiados nos dois ouvidos e atravessam ruas, e andam pelas calçadas como verdadeiros zumbis. Outros dirigindo veículos com o celular no ouvido e até recebendo, lendo e enviando mensagens de textos, seja nas ruas e avenidas da cidade, seja nas rodovias.

Para não esquecer, a moda mais nova é escarrar nas pessoas que lhes contrariam. E o exemplo vem da Câmara Federal, durante a votação do impeachment, quando ‘o deputado’ Jean Willes escarrou em Jair Bolsonaro e, dias após, o ator José de Abreu, que havia feito declaração na TV a favor da presidente e contra o impeachment foi, erroneamente interpelado num restaurante. Sua resposta, mais nojenta ainda, foi escarrar nos que o interpelaram. Lembra-me na final que os uruguaios venceram a Copa do Mundo de 1950 no Maracanã, escarrando na cara dos jogadores brasileiros que, por sua vez, haviam levado a semana toda em festas, comemorando o título que não veio e, de forma simbólica, escarraram na cara dos pobres e incautos patrícios!

Também estamos na época do consumismo exacerbado. Muita gente que ganha dinheiro fácil, a comprar desbragadamente e o ‘Day after’ vem mostrando o endividamento da população.

O engodo dos bancos e do próprio governo que estimulou a população a tomar empréstimos consignados, no sentido de favorecer o aumento da receita estatal, bem como o próprio mal do consumismo que vem assolando os menos avisados, são sinais dos tempos e o seu aprendizado é bastante dolorido.

Enquanto os países desenvolvidos apostaram na Educação, nós, os subdesenvolvidos só pensamos no dia de hoje e não nos preparamos para o futuro que só alcançaremos através do desenvolvimento científico e tecnológico, advindos da inovação e da pesquisa sistemática, financiados pelo Estado e com a adoção de políticas públicas semelhantes àquelas adotadas pelos países europeus, Estados Unidos e alguns países asiáticos. Aqui, é diferente. Qualquer ‘marola’ na economia, cortam-se os subsídios da ciência e da tecnologia, da educação, da pesquisa, etc, enquanto o BNDES, em apenas 8 anos jogou fora mais de 800 bilhões de reais, emprestados aos eikes batistas da vida e às ditaduras cubana, venezuelana, angolana, tudo com a finalidade de pegar um pixuleco para enriquecer os espertos detentores do poder!...

Por fim, vivemos num país de educação medíocre. Atualmente faltam escolas e as que existem sofrem ameaças de fechamento, outras existem, mas não possuem carteiras suficientes e o numero de professores é deficiente; em outras, há excesso de professores, de carteiras, mas não há alunos. Tudo isso por exclusiva falta de planejamento, falta de responsabilidade e falta de punibilidade aos maus gestores, sejam elem municipais, estaduais ou federal.

Sem falar em obras inacabadas, com bilhões de reais jogados fora, pois é melhor assim do que deixar de pegar as verbas e ficar com parte delas, no propinoduto maldito que envergonha a nossa Pátria.

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 29/04/2016
Código do texto: T5619778
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