Sociedade dos Poetas Mortos.

Rimbaud se desiludiu da humanidade, andou até Marrocos e perdeu as pernas e a esperança...

Baudelaire cheirou as flores do mal, se intoxicou com vinho e voou rumo ao firmamento montado em um albatroz feroz.

Verlaine se afundou em bairros miseráveis para tomar absinto e se enlouquecer em hospitais públicos.

Goethe pediu mais luz quando a morte lhe fechou as cortinas.

Tales de Mileto, estava andando na rua e pensando, como faz um bom filósofo e matemático, caiu num buraco e morreu.

Ésquilo, um dos poetas trágicos gregos, considerado o pai da tragédia, morreu de forma trágica, mas digna de um filme. Levou uma tartarugada na cabeça enquanto escrevia um artigo para a Desciclopédia. Uma águia (ou urubu) deixou a tartaruga cair na cabeça de Ésquilo, que morreu na hora.

Edgar Allan Poe morreu de bicadas de corvo, apesar de os médicos da época alegarem em seu atestado de óbito que morrera de congestão cerebral.

Tennessee Williams morreu engasgado com uma tampinha de colírio.

Percy Shelley, o poeta inglês, marido da autora de Frankenstein, morreu afogado no mar — o que por si só já é bastante trágico. Contudo, o drama não terminava por aí: ao ser cremado, todo o corpo de Percy se transformou em cinzas... exceto o coração, que permaneceu intacto.

Em 28 de março de 1941, Virginia Woolf colocou seu casaco, encheu os seus bolsos com pedras, caminhou em direção ao Rio Ouse, perto de sua casa, e se afogou. Seu corpo foi encontrado somente três semanas mais tarde, em 18 de abril de 1941, por um grupo de crianças perto da ponte de Southease.

Em seu último bilhete para o marido, Leonard Woolf, Virginia escreveu:

Querido,

Tenho certeza de que enlouquecerei novamente. Sinto que não podemos passar por outro daqueles tempos terríveis. E, desta vez, não vou me recuperar. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Por isso estou fazendo o que me parece ser a melhor coisa a fazer. Você tem me dado a maior felicidade possível. Você tem sido, em todos os aspectos, tudo o que alguém poderia ser. Não acho que duas pessoas poderiam ter sido mais felizes, até a chegada dessa terrível doença. Não consigo mais lutar. Sei que estou estragando a sua vida, que sem mim você poderia trabalhar. E você vai, eu sei. Veja que nem sequer consigo escrever isso apropriadamente. Não consigo ler. O que quero dizer é que devo toda a felicidade da minha vida a você. Você tem sido inteiramente paciente comigo e incrivelmente bom. Quero dizer que – todo mundo sabe disso. Se alguém pudesse me salvar teria sido você. Tudo se foi para mim, menos a certeza da sua bondade. Não posso continuar a estragar a sua vida. Não creio que duas pessoas poderiam ter sido mais felizes do que nós."

Hemingway jogou a vida inteira com a morte, até que, na manhã de 2 de julho de 1961, em Ketchum, em Idaho, tomou um fuzil de caça e disparou contra si mesmo.

"... Não quero ser triste como o poeta que envelhece lendo Maiakovski na loja de conveniência..."

Pois é...

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 29/04/2016
Reeditado em 29/04/2016
Código do texto: T5619989
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