BONS TEMPOS AQUELES...

Bons tempos aqueles em que nós, quando crianças, íamos, andando juntos, quilômetros e quilômetros, de mãos dadas, com nossos pais, avós ou tios, até a porta da escola e ninguém reclamava com o governo que não oferecia ônibus para levar a gente.

Bons tempos aqueles em que entrávamos, em fila, com as mãos nos ombros do coleguinha da frente, do pátio até a sala de aula, depois de ouvirmos, complacentemente, o Hino Nacional.

Bons tempos aqueles em que sentávamos, em dupla ou até em trio, nas carteiras de madeira, nessa mesma sala de aula, e ninguém brigava com ninguém.

Bons tempos aqueles que nem os pais reclamavam da qualidade da merenda que, por vezes, eram oferecidas a seus filhos, apenas como uma sopinha de suporte alimentar e nunca vimos ninguém morrer por inanição.

Bons tempos aqueles em que o professor falava uma única vez e nós, respeitosamente, parávamos de fazer bagunça sem devolver a ele, em forma de agressão, os nossos merecidos puxões de orelhas.

Bons tempos aqueles em que os pais compravam, com seu próprio dinheiro, material escolar listado pelo professor, que não admitia materiais genéricos ao seu pedido.

Bons tempos aqueles em que os uniformes eram comprados por esses mesmos pais e os alunos obrigados a ir à escola vestidos com eles, sob pena de ter sua entrada barrada, sem interferências de qualquer autoridade, pois a autoridade máxima era a própria escola.

Bons tempos aqueles em que os pais acompanhavam as notas dos filhos naquele famoso boletim com carimbos e informações da semana e, se por acaso, nele fosse encontrado, uma nota vermelha já era motivo do filho ou filha ficar em casa, aos finais de semana e feriados, estudando e reforçando o conteúdo não assimilado, através de tarefas, como forma de castigo.

Bons tempos aqueles em que os pais se preocupavam mais com o desempenho escolar dos filhos, ao invés de se preocupar em procurar seus “direitos assistencialistas”.

Bons tempos aqueles em que a criança respeitava os mais velhos, pedia bênçãos e dava bom dia com educação.

Bons tempos aqueles em que muitos profissionais de Educação eram unidos, não se preocupavam com a competitividade nefasta com seus pares e colaboradores educacionais e, ainda, procuravam depositar mais amor em sua profissão, na qual o ensinar e /ou educar era um dom dado por Deus.

Bons tempos aqueles em que o caráter permeava o bom senso e corrupção era uma palavra desconhecida entre as pessoas e que o o tal bom senso era ensinado nas aulas de Organização Social e Política do Brasil (OSPB) e Educação Moral e Cívica (EMC), disciplinas que compunham a grade curricular de qualquer escola pública.

Bons tempos aqueles que nos fazem lembrar daquela música antiga: “Tempo bom... não volta mais... Saudade... quanto tempo faz.”

Pois é!... Admite-se, com o coração apertado, que faz tempo que a saudade volta para o tempo que, infelizmente, não volta mais!