O PRETO VELHO E O JULGAMENTO DO MÉDIUM

Dentro do Centro Espírita,

Os mestres de branco aconselhavam e oravam.

Fora do Centro e de vista,

O preto velho a todos protegia e guardava.

O Médium sentou e se preparou,

Para psicografar a mensagem.

Quando o preto velho se aproximou,

O moço ficou julgando a entidade.

"Onde já se viu espírito,

Com esse jeito de ex-escravo negro?

Se ele fosse mesmo evoluído,

Não falaria assim desse jeito."

O preto velho sorriu,

Mesmo perdendo a viagem.

Não entendia o preconceito do médium,

Mas, ainda assim, deu-lhe um passe.

Ele sabia que no dia certo,

Aquele médium perceberia o fato:

Que se aprende tanto com o médico,

Quanto com o operário.

Despediu-se dos mestres do Centro,

Que lhe olharam pedindo paciência.

Embora o trabalho ainda fosse lento,

Aumentava o discernimento e consciência.

A cada dia que passa,

Os novos médiuns estão descobrindo.

Que não importa como se fala,

E sim o que está sendo dito.

Por isso é que na rua ou no Terreiro de Umbanda,

O Preto Velho continua o seu trabalho e nunca pára.

Até que os tambores de Aruanda

O convidem para uma outra jornada.

- Frank -

Londres, 08 de abril de 2003.