São artistas brasileiros esquecidos e rejeitados pela Pátria Mãe.

Estava no Chile.Caminhando pelo centro de Santiago. No outono de 2016. Quando um som preencheu o espaço, num ímpeto sai correndo e me deparei com um jovem tocando as Bachianas N°05 de Villas Lobos, num instrumento rudimentar feito de bambu.

Aquele arranjo musical,transpassou meu coração, atravessou a cordilheira dos Andes e vislumbrei a força criadora dos brasileiros. Vivenciando em demasia aqueles segundos, eis que passa na minha frente o ator teatral que me ensinou a magia da entonação. Uma vez, vi na televisão ele recitar uma frase com 70 entonações diferentes. Chama-se Procópio Ferreira, pai da Bibi Ferreira. Procópio foi andando devagar, até sumir na multidão, juntamente com os efeitos dos bambus silenciados e eu estática!!!

Embarquei para o Brasil numa manhã escura e fria. Na travessia das Geleiras, anotei no meu diário de bordo, a troca de guarda no Palácio de la Moneda. Um espetáculo grandioso. Com uma orquestra inerrável e assim no esplendor daquela manhã ensolarada, ouvi os músicos tocarem Casinha Branca,de autoria do compositor brasileiro Gilson Viera da Silva. E de novo entrei em estado de êxtase.

No desembarque em Campo Grande - MS, o sol já estava indo dormir e

o céu azul entremeado de nuvens baixas, brancas e fofinhas. Lá no fundo, tudo alaranjado em matizes vermelhas rubi e bodô, se fechando em marrom ocre. Tal qual as árvores das ruas e parques de Santiago. Lá no Chile... Onde renascem e interagem os artistas brasileiros esquecidos e rejeitados pela Pátria Mãe.