DA "HEAD MUSIC" AO HEAVY METAL

DA "HEAD MUSIC" AO HEAVY METAL

"Quem não sabe NÃO ENSINA,

deixa quem sabe ensinar!"

(trecho do "corrido" do antológico

LP de mestre PASTINHA, de 1968)

"Eu não sei cantar, nem jogar, nem tocar,

mas só tem uma coisa comigo: quem

não ajuda, QUE NÃO ATRAPALHE!"

(depoimento de mestre "BIGODINHO",

na gravação de CD recente junto com

mestre "BOCA RICA", em Salvador.)

Eis que, de repente, me vi recordando o Passado, a tentar encontrar "as raízes" do Rock progressivo, conhecido nos primeiros dias como "head music". Se fosse eu fanático pelo CREEDENCE -- a eclética Banda que fez "de tudo um pouco" -- diria que o quarteto fantástico teria tocado também rock progressivo, isso em 1969/70. Basta conferir "Ramble Tumble", quase inteiramente instrumental, até onde me lembro, no LP "Cosmo's Factory".

Me parece que -- meu sem querer -- os Grupos e músicos que "experimentaram" o horrendo e imenso MOOG SINTHESIZER deram os primeiros passos na direção do que viria a ser, uns dez anos depois, o famoso ROCK PROGRESSIVO. Penso que os Beatles, em sua fase "indiana", com George Harrisson à frente -- "Give me, Lord" é um bom exemplo! -- executaram os acordes primários do que seria a "head music".

Epa!, desde os anos 1940/50 havia pedais de distorção (flanger, chorus, fuzzer, etc) que faziam algo parecido com o MOOG. Em minhas 2 crônicas (de junho / 2011) "O SOM NOSSO DE CADA DIA" cito um grande número de artistas -- entre 1964 e 68 -- que usaram com sucesso o MOOG, principalmente Stevie Wonder e o maestro pop Hugo Montenegro, num LP inteiro "sintetizado", o curioso "1 2 1" (one to one).

Mas, vamos direto ao assunto:as bases do rock progressivo estão no imortal álbum preto do PINK FLOYD, "The Dark Side of the Moon", de 1969/70. Estranhamente, a música progressiva não concorria com o hardrock (nem com o heavy, que poucas Bandas faziam nessa época) e seguia um caminho paralelo, com raros fãs. O chamado "rock psicodélico" -- na falta de termo melhor -- "misturava" em um caldeirão as Bandas mais díspares, extravagantes, tendo BLACK SABBATH como referência, com Ozzy Osbourne arrancando a dentadas as cabeças de pintinhos vivos em seus shows (nem Alice Cooper ousou tanto!), além dos convencionais e comportados progressivos ELP - Emerson, Lake & Palmer, a Kansas, Grateful Dead, Blue Oyster Cult, SpyroGira, Thin Lizzy e a Golden Earring, de 2 LPs inócuos, dos quais só a música "Radar Love" se salva, além do canto coral instigante da STEELY DAN. Outra "esquisitice" foi a Banda inglesa PROCOL HARUM, usando orquestra (?!) no Rock, no longínquo 1969, da qual só lembro de "Slow Train" e a indefinível CLÍMAX BLUES BAND, com rock experimental. Uma certa ARMAGGEDON abria o Jornal Nacional, em seus dias iniciais, com um rock progressivo empolgante, desconheço o título da obra, mas na seara da "head music" surgiram (e sumiram) vários "grupelhos yankees" oportunistas.

Contudo, na Inglaterra e Alemanha o estilo "vingou", tinha público e fez enorme sucesso por longo tempo. Diria eu que Jimmy Hendrix, embora "performer" sem igual, estava mais próximo do progressivo do que do Rock tradicional.

Embora fosse Banda rockeira por excelência, o DEEP PURPLE tem seu momento progressivo no magistral LP "Machine Head", com "Child in Time". Suponho que o ídolo de quase todos os grupos progressivos não era Eric Clapton ou B.B.King, Johnny Winter ou Santana, era o violonista clássico espanhol Andrès Segóvia e, adiante, o famoso Paco de Luccia. Entre os ingleses, as melhores Bandas progressivas foram (em minha opinião) a JETHRO TULL, a Renaissance e a Gentle Giant, enquanto em Berlim só existia mesmo o rock progressivo, com influências dos folclores celta, viking, gaulês, normando, bretão, etc... e muita música clássica "disfarçada" de rock, coisa que o YES vinha fazendo desde que surgiu.

Para quem quiser conhecer mais -- e a Internet é ótima para isso, via YOUTUBE -- sugiro consultar Bandas como a TANGERINE DREAM (com 40 ANOS de "estrada" e quase cem discos), a CAN, a desconhecida WARHORSE de 1 disco só, o empolgante "Sybilla" e a melhor de todas, a meu ver, a JANE, do LP único "Daytime", culminando no criativo (e inovador) KRAFTWERK, com "Autobahn", que cruzou a fronteira entre o rock e o progressivo e abraçou o POP eletrônico.

Por fim, beirando os anos 80, vieram as "diluições" inevitáveis... o funk escrachado do PARLIAMENT, a banda SUPERTRAMP, os italianos "rockeiros" (cruzes!) da PFM - Premiata Forneria Marconi e o chatíssimo porém competente violinista francês Jean Luc Ponti. Esqueci alguém?! Por certo um bocado de gente -- o guitarrista inglês ROBIN TROWER e seu memorável LP "For Earth Below" é um deles -- mas acontece que gosto mesmo É DE BLUES, countrymusic e "assemelhados" e o rock progressivo foi apenas um momento "de curiosidade" em minha vida.

Quando o assunto é "head music" creio que o Brasil "ouviu o galo cantar, mas não soube onde"... não tivemos uma fase de "rock progressivo" e raras Bandas "se aventuraram" nesse estilo, como a "Casa das Máquinas" e a "Barca do Sol" (ou do Som, não lembro agora), a "Joelho de Porco" e a "Banda VÍMANA", ambas muito convincentes.

Só não quis conhecer o tal de PUNK, jamais achei "aquilo" MÚSICA! Me espanto que ainda hoje haja adeptos daquele "horror", gargarejo intragável, "arrôto" ininteligível à guisa DE PROTESTO, as guitarras sendo "arranhadas" por supostos trogloditas, meio surdos, meio loucos !

E o HEAVY METAL, onde fica nessa história?! No lugar de sempre, à margem, "correndo por fora" nos anos 70, com os amantes de Dylan, dos Stones e dos Beatles "assustados" com a novidade, música UNDERGROUND "agredindo" sensibilidades e preferências. Meu palpite é que as Bandas VAN HALEN, KISS e AC/DC, por volta de 1980 UNIRAM as 2 "correntes", já que LED ZEPPELIN encarnou como nenhuma outra Banda da época (1970/75) o HEAVY(rock), que só adquiriu o termo METAL lá por 1990, com o IRON MAIDEN, Mettallica e suponho que Nirvana (entre muitas outras, Deff Leppard, Motley Crue, Guns & Roses, etc) fazendo enorme sucesso no Mundo.

Do inigualável LED, com muitos fãs e pouca vendagem de discos, ficaram os 4 álbuns sem título como o MARCO inicial do futuro HEAVY METAL. Antes dele só a quase desconhecida Banda GRAND FUNK RAILROAD, cujo LP "dólar de prata" (capa redonda tipo moeda, em relevo) abriu em 1967/68 as portas do HEAVY para as gerações futuras, num show histórico ouvido a mais de 1 km de distância -- tal era o volume do P.A. -- e no qual jovens rockeiras "deram a luz" por culpa do barulho ensurdecedor.

Assim se fez a história do ROCK, com espaço para todos os gêneros e estilos musicais, onde um NEIL YOUNG "country" é capaz de homenagear o "rei do PUNK" Johnny Rotten com um heavyrock "de balançar paredes", em seu LP ao vivo "RUST NEVER SLEEPS", de 1979. "My my, hey hey... rock'n roll is here to stay! / Hey hey, my my... rock'n roll can never die"!

"NATO" AZEVEDO (18 - 20 / maio 2016)