Homem e mulher

Mulher e amiga, luto para que isso aconteça e dela, nada desapareça e seja unicamente a grande amiga do homem.

As desigualdades criamos no abandono dos nossos raciocínios lógicos. Não há quem seja mais fraco ou mais forte, mais bravo ou mais manso, fiel ou infiel. Somos apenas seres humanos.

Assim como a natureza deu ao homem, apolinicamente, a bioquímica de sua musculatura forte, presenteou também a mulher com o sacrossanto poder da parturição, tornando-a inigualável.

Do seu ventre saem lindas outras mulheres e fortes homens. Abençoado ventre tem ela para ser, além de mulher, nossa amante, no mais profundo que essa palavra possa representar e traduzir, de sentimento para sentimento.

Há sempre uma mulher dentro de cada bom homem. Aflora-se no sorriso manso, no gesto refinado, no companheirismo produtriz e no amor à vida.

Há também um homem dentro de toda mulher, representando a fortidão dos seus desejos e a coragem de ir à procura do inusitado e do desconhecido – um desbravador e andarilho, conquistador dos sete mares da vida.

Homem e mulher juntos fazem uma grande festa de amor e de alegria. E assim, como céu e a terra, a noite e o dia, somos os pares do absoluto e do racional encontro da existência.

Enquanto o homem rega, a mulher flora e a poesia é o seu perfume declamado pelo outro homem-artífice do sublime, conhecem um e o outro todas elas.

Quis lembrá-la hoje, sem ser o seu dia comemorativo, mas ao sentir o embasamento que a força do meu reconhecimento também o quis.

Na face da mulher há grandes Marias e, na face do homem, grandes Josés. Beijo-as todas com um simplório mas fiel sentimento de depuração da alma. No alvoroço de minhas emoções, reconheço-as fêmeas e, na mansuetude de minhas reflexões, encontro-as mães e companheiras.

Registro, então, aqui, o meu mais legítimo tributo à união de homens e mulheres, no ajuntamento racional de valores. Meus olhos desejosos visitam seus olhares cristalizados , fenotipados em fortes desejos, mas meu coração as encontra no mais silencioso respeito do companheirismo e do amor. Minhas delícias visitam suas delícias e, em assim sendo, nos amamos para que o mundo seja sempre um ótimo lugar para se morar.

E, caçando o mais profundo e bem guardado sentimento de pureza d’alma, personalizado, simbolicamente, aqui, pelo amor com que me entrego à minha esposa, mulher e companheira Káthia, desejo beijar toda a face nua de qualquer outra mulher, dando-lhes a venturosa e vulcânica manifestação de reconhecimento.

O ventre de onde vim para o mundo, deste, apenas o seu perfume santo me guia a memória. Em minha mãe e por ela, findo esta crônica, fornecendo a mim mesmo, ainda mais coragem de servir à vida, mais fortemente, com o lado feminino, fraterno e doce de minha alma de homem ofertada a mim por ela.

Três grandes mulheres enchem a minha vida de contentamento e grandeza: minha mãe, minha esposa e minha filha. Às três, o meu mais sincero agradecimento, mesmo sendo póstuma a homenagem que ora faço à primeira delas, a que me foi e é a mais forte de todas, minha mãe! Findo agora este texto, deixando levar-me por uma forte emoção, descortinando sentimentos puros. Que bom!