Mensagens que edificam - 208

"O anacronismo da ideologia existencial"

Por mais que imaginemos que o ideal proposto por cada um de nós seja o inequívoco modo de proceder, ou o caminho a seguir, nada passará por uma prova dos nove que ateste a nossa pretensa escolha assertiva. Somos, e até que se prove o contrário, o legado de um mundo hipotético desde que conhecemos o fogo e descobrimos a dor, sem termos a real certeza do que víamos e sentíamos. Até mesmo esta dissertação traz o peso de suposições, pois ainda que o carbono 14 intente determinar uma datação, esta será sempre permeada de uma margem de erro que varia dentro de espectros de raios cósmicos, anos luz ou renitentes trevas de ignorância. Isto me arremete ao raciocínio da minha pequenez, neste assentar de pó e cinza que é o inescrutável cosmos. Quem realmente somos e até onde o nosso potencial nos levará é uma pergunta formulada com uma negativa antecipada de que talvez seja preciso morrer para desvendar a própria vida, mas quem se habilita? Está intrínseco no nosso comportamento uma defesa natural e uma ânsia por perpetuarmos a existência. Ainda que garantam céus e profetizem paraísos, por garantia de uma consciência inexplicável é possível que optemos por "infernos" que nos mantenham vivos. Entre a vida e a morte o que se sabe é a lucidez de olhos abertos e cérebros em vigília, pois até o sono por momentos nos furtam a realidade e somos tragados pela indefensável vulnerabilidade de quem dormita e se expõe à indolência.