7. O que encontrará em mim, Mulher?

O que encontrará em mim, Mulher?

Espera encontrar Amor? Um ser egoísta como eu em nada poderá lhe prover tal afeto. De todo o Egoísmo que me assola, o mais vil Deles é de que somente em mim encontro o gozo que preciso para viver – os demais são meros condicionantes, temperos necessários, sim, mas temperos.

Espera encontrar Satisfação? Que posso fazer quanto a isso? Em mim atua um Desejo que não se aquieta em sua definição: ora deseja, ora repulsa. O que vai pensar de mim quando, ávida pelo leite que derramo, me procurar e encontrar-me tão cheio de mim, alheio a ti?

Espera encontrar Nada? Erro! Jazem dentro de mim feras de rostos deformados pela Realidade. Entes antagônicos! Membros de um Teatro Desarmônico! Sentimentos opostos insaciáveis – as Feras se digladiam e se alimentam uma da outra sem nunca, contudo, findarem em si mesmas.

São infinitas.

Tão Infinitas quanto é minha vontade de viver...

Meu espaço vai além de mim mesmo: de mim brota um Dilúvio dilacerante.

Meu Castelo é minha maior obra: dentro Dele há proteção.

Se um dia adentrar Nele, verás como é escuro. Vagueio por sua imponente estrutura, às vezes me perco! Carrego comigo uma pequena vela escarlate de chama inebriante – sua luz tateia os corredores desse infindável Forte... Procuro algo e não sei o que é! Procuro a mim mesmo?! Talvez.

Me diga, O que encontrará em mim, Mulher? Se nem eu mesmo me encontro.