TEMPOS DE TERNURA II “Ê Bahia, umbu, vatapá e azeite de dendê”!

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Na infância, até os doze anos, passava a festa de São João em Poções, na Rua da Itália 13 – onde morávamos, mas que à época tinha o nome de Rua João Pessoa, homenagem ao paraibano que foi assassinado por João Dantas no centro do Recife e que trouxe Epitácio Pessoa à presidência do Brasil, no final da década de 1930.

Com o tempo, de tanto os poçoenses a chamarem de Rua dos Italianos o Poder Público Municipal rebatizou a principal via da cidade em homenagem aos italianos que traçaram os rumos sócio-culturais e econômicos do município. Passou à Rua da Itália.

Voltando ao São João, já residindo em Salvador, na rua Militão Lisboa 71 – São José de Baixo, entrava eu pela puberdade e pré-adolescência, a conhecer outras pessoas, outros costumes e, é sempre bom realçar que o primeiro ‘São João’ que passei na soterópolis foi uma espécie de choque cultural. Não havia fogueiras. Limitava-se a festa aos fogos de artifício e aos arrasta-pés em casas de família. Com o passar do tempo fomos conhecendo melhor a cultura do ‘São João’. Aos treze anos aprendi a dançar forró e aos quatorze provei a primeira bebiba alcoólica, própria dos festejos. Em Poções, o licor de genipapo era tradicionalmente feito em casa; e a nossa dispensa ficava abarrotada de litros de licor, sem falar nas iguarias gastronômicas, comuns até os dias atuais.

Conheci nesta época um licor denominado ‘Jurupiga’, fraquinho, mas que dava um tremendo porre. Poucos dos nossos amigos bebiam. Os mais velhos tomavam até cachaça (que eu achava um horror). Aí vinha uma lista infinda. Desde a jurubeba, cuba libre (vodka, coca-cola, gelo e limão), samba em Berlim (cachaça com guaraná), hi fi – (Gim e água tônica), leite de Camelo (cachaça com leite condensado, muito apreciado pelas meninas), etc. Depois aparece a moda das batidas de limão, que evoluiu para caipirinha, caipiroska que era vodka em lugar da cachaça, o campari e até cerveja Caracu batida com ovo (de péssimo gosto que eu jamais sequer provei!).

Quando queríamos conquistar uma garota especial, íamos ao centro da cidade e comprávamos uma barrinha de chocolate Chadler, melhor da Bahia e que era quase que totalmente exportado. Se não me falha a memória, a fábrica era localizada em Roma e os donos eram judeus, pais de Aaron Kremer, dono da loja “Cidade e Jardim” que ficava no Ed. SULACAP, confluência da Praça Castro Alves com ladeira de São Bento e rua Carlos Gomes. Ê, Bahia... As meninas se derretiam na esperança de ganharem mais uma barrinha e a vida ia nos levando!

Neste período, apenas para não dizer que deixei de citar nomes, meus melhores amigos eram Gregório e Walter (rua Direita de Santo Antonio), Walter Carvalho, Luiz Villas Boas, Armandinho Paranhos, Geraldo Ribeiro, entre outros. Conheci o Haroldo que formava com Hamilton e Ataualpa o Trio Irapuã e moravam em Santo Antonio, na ladeira do Boqueirão. Influenciado por eles criei o Trio Azteca, com Walter Carvalho e Geraldo até chegarmos ao “Bahia4”, alguns anos depois, substituindo Geraldo (que fez carreira solo) por Wilson Brandão e Walter Carvalho (cuja noiva o afastou de nós), por Carlos Napoli.

Anos mais tarde, conheci no Vitória um jogador de futebol, colombiano bom de bola, o Aristisábal. Sempre achei tais nomes importantes, ligados aos cursos de História Geral e História das Américas e muitas vezes associava seus belos nomes aos Aztecas, aos Incas e até aos assírios babilônios, nas figuras de Nabucodonosor (Jardins da Babilônia – atual Bagdad) e Assurbanípal. Nomes imponentes que a história registra.

Não sei porque, comecei a falar em São João e variei um pouco para outras vertentes. Acho que isso é ‘mal da idade’! Até a próxima.

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 18/06/2016
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